A exposição «Rodin», organizada em parceria pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), pela Association Française d’Action Artistique e pelo Musée Rodin, em Paris, contou com o comissariado de Cécile Goldscheider, conservadora do museu parisiense.

A FCG apresentou nas suas galerias um conjunto de 131 obras (entre esculturas, desenhos e aguarelas), reunidas e selecionadas pela comissária, iniciando-se o curso expositivo propositadamente com a peça L’homme au nez cassé (1964), a escultura de Auguste Rodin recusada no Salon de Paris de 1864, em tempos de revolução artística e cultural que viriam a consagrar Rodin como «um dos maiores escultores de todos os tempos» (Rodin, 1973). Integraram esta seleção as obras de Rodin pertencentes ao acervo da coleção de Calouste Gulbenkian: Jean d’Aire (Inv. 567), L’Éternel Printemps (Inv. 28), Les Bénédictions (Inv. 259), Victor Hugo (Inv. 265), Tête de Legros (Inv. 570) e Frère et Soeur (Inv. 569). E, além destas, duas outras peças vieram juntar-se às coleções nacionais: L’Âge d’Airain (Museu do Chiado, Inv. 777) e Danaïde (MNAA, Inv. 762 Esc).

A realização desta exposição, que inaugurou a 12 de abril de 1973 e durou um mês, exigiu um excecional esforço orçamental por parte da FCG, na sua produção e montagem, assim como na organização de um intenso e diversificado programa cultural. As obras de Rodin estiveram expostas na Galeria de Exposições Temporárias e no Jardim da FCG. Complementarmente, realizaram-se duas conferências, dirigidas por Cécile Goldscheider e Artur Nobre de Gusmão, intituladas respetivamente «Rodin au Travail» e «Pensamento Estético de Rodin», bem como inúmeras visitas guiadas e de estudo, além de um ciclo permanente de sessões de filmes sobre Rodin e outros escultores franceses seus contemporâneos. Foi igualmente produzido pelo Serviço de Belas-Artes e pelo Serviço de Auditório e do Som da FCG um vídeo documentário da exposição, realizado por António Campos, à data técnico de cinema e funcionário da FCG.

Em 1973, esta foi a exposição que atingiu maior número de visitantes, desde o início da programação expositiva da Fundação: «Com efeito, para cima de 80 000 pessoas desfilaram perante as estátuas e desenhos do famoso escultor francês […]. O Conselho manifestou a sua satisfação por este enorme êxito cultural.» (Ata n.º 30 da reunião do Conselho de Administração, 10 mai. 1973, Arquivos Gulbenkian, SBA 15394)

Joana Brito, 2016