David Hockney. Fotógrafo

Exposição de itinerância internacional, reunindo obra fotográfica do artista inglês David Hockney (1937), promovida e organizada pelo British Council, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. A mostra contou com um conjunto de 101 grandes montagens fotográficas, realizadas pelo artista entre os anos de 1968 e 1984, com páginas de álbum, polaroids e colagens.
Travelling international exhibition of photographs by English artist David Hockney (1937), held by the British Council with support from the Calouste Gulbenkian Foundation. The show featured 101 large-scale photomontages created between 1968 and 1984, including album pages, polaroids and collages.

Exposição itinerante, de ampla circulação internacional (Portugal, França, Alemanha, Itália, Espanha e Japão), de montagens fotográficas do artista inglês David Hockney (1937), promovida e organizada pelo British Council, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), a partir do seu Serviço de Exposições e Museografia.

Esta iniciativa permitiu ao público português conhecer a faceta, até então menos conhecida, do artista britânico contemporâneo, numa exposição que passou primeiro pelo Museu Nacional de Soares dos Reis, em maio de 1985, e mais tarde, em novembro do mesmo ano, pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Esta não foi uma estreia de David Hockney nas galerias da FCG. A primeira apresentação datou de 1977, com a exposição intitulada «David Hockney. Gravura e Desenho», seguindo-se ainda, em 1984, «The Rake’s Progress», dedicada à apresentação de dois ciclos satíricos com obras de Hockney e de William Hogarth (1697-1764).

A FCG tinha a dupla intenção de divulgar os valores artísticos contemporâneos e internacionais e de aproximar a programação expositiva da instituição com os núcleos centrais da sua Coleção Moderna, como, neste caso específico, o da arte britânica. Na introdução do catálogo, José Sommer Ribeiro, diretor do Centro de Arte Moderna, deixaria explícita esta intenção: «A exposição de David Hockney, fotógrafo, vai permitir ao público conhecer mais uma faceta deste grande artista contemporâneo, e a sua obra desde há muito interessa a esta Fundação, onde existem, no acervo do CAM, desenhos e um óleo […] e ainda em 1977 apresentou […] uma grande exposição dos seus desenhos.» (David Hockney. Fotógrafo, 1985)

Na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG, no piso 0, foi apresentado um conjunto de 101 grandes montagens fotográficas, realizadas pelo artista entre os anos de 1968 e 1984, com páginas de álbum, polaroids e colagens. A exposição era construída em torno dessas três tipologias: «A primeira parte […] é uma selecção dos álbuns de Hockney. Os álbuns são grandes (18 × 22,5 polegadas), contêm seis ou oito fotografias de tamanho standard […], compreendem umas 20 000 fotografias […]. Reproduzem visitas, casamentos, natividades, viagens, como a maioria dos álbuns», dirá Mark Haworth-Booth no texto introdutório do catálogo da exposição (David Hockney. Fotógrafo, pp. 7-8).

O segundo núcleo de trabalhos expostos correspondia a grandes composições e justaposições de polaroids, transmitindo a noção da continuidade dos movimentos e das perspetivas, numa espécie de «drawing with the camaras», título atribuído à exposição em que estes trabalhos foram expostos pela primeira vez.

O terceiro núcleo era descrito pelo então curador do Victoria and Albert Museum, Mark Haworth-Booth, no seu ensaio para o catálogo, como: «As foto-colagens que se seguem à série das polaroids foram feitas com a pequena Pentax ou com uma Nikon, com uma lente de uns 100 mm, feitas e positivadas no laboratório fotográfico mais perto, reunidas e finalmente colocadas na sua posição definitiva.» (Ibid., p. 10)

Além dos ensaios de Mark Haworth-Booth, de Luis Revenga e das muitas reproduções, a cores e a preto-e-branco, das obras em exposição, o catálogo da exposição, integra um depoimento do próprio David Hockney, em que o artista aborda o seu entendimento da prática fotográfica (David Hockney. Fotógrafo, pp. 13-20).

De tal forma interessava ao autor destacar «que a fotografia exclui mais do que revela e que se constrói mais de formas que são contrárias à visão natural», que acabou por determinar, juntamente com a sua equipa técnica, que a qualidade dos materiais gráficos de apoio à exposição, como os cartazes, deveria ser assegurada diretamente pela sua equipa, por forma a não desvirtuar as suas intenções (Ibid., p. 7). Contudo, e apesar das rigorosas indicações dadas, o artista acabaria por autorizar a edição do cartaz por parte dos serviços técnicos da FCG.

A documentação de arquivo reúne algumas notícias veiculadas pela imprensa escrita nacional. Contudo, esta exposição não acolheu junto da crítica o impacto que seria de esperar de uma manifestação desta natureza. Este facto reflete, talvez, o afastamento da cultura visual portuguesa dos valores contemporâneos internacionais, que teimava em persistir. Destaca-se apesar disso, um artigo da autoria do crítico Alexandre Melo, indicativo de que uma nova geração de críticos se mantinha atenta ao contexto artístico internacional (Melo, JL. Jornal de Letras…, 19 nov. 1985).

Filipa Coimbra, 2017

This itinerant exhibition, widely circulated internationally (Portugal, France, Germany, Italy, Spain and Japan), presented the photographic assemblies produced by the British artist David Hockney (1937). The exhibition was promoted and organized by the British Council with the support of the Exhibition and Museography Department of the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG). . This initiative allowed the Portuguese public to acknowledge a different and almost unknown facet of this contemporary British artist. The exhibition was held first at the Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, in May 1985, and later, in November of the same year, at the FCG.

This was not the first time that David Hockney's work was shown in the FCG galleries. The first presentation dates back to 1977 to the exhibition titled David Hockney. Gravura e Desenho [David Hockney. Engraving and Drawing], followed by The Rake's Progress exhibition, in 1984, dedicated to  the presentation of two satirical cycles with works by Hockney and William Hogarth (1697-1764).

Through this event, the FCG had the dual intention of promoting the contemporary international artistic values and of bringing the central nuclei of its modern collection, as in this specific case that of British Art, closer to the exhibition program of the institution. . In the introduction of the catalogue, José Sommer Ribeiro, Director of the Modern Art Centre (CAM), made this intention explicit: "The exhibition of David Hockney, photographer, will allow the public to know another facet of this great contemporary artist, and his work has been of interest to this Foundation for a long time, some of his drawings and an oil painting are included in the CAM collection (…) and in 1977 the FCG presented (...) a great exhibition of his drawings.” (David Hockney. Fotógrafo, 1985)

A set of 101 large photographic assemblies, all produced by the artist between the years of 1968 and 1984, using album pages, polaroids and collages, was presented at the Main Building Temporary Exhibition Gallery (Lower Ground Floor) at the FCG.  The exhibition was built around these three typologies:

"The first part (...) is a selection of the Hockney albums. The albums are large (18 x 22.5 inches), contain six or eight standard size photographs (...) comprise some 20 000 photographs (...). They reproduce visits, weddings, nativities, trips, like most albums", says Mark Haworth-Booth in the introductory text of the exhibition catalogue (David Hockney. Fotógrafo, pp. 7-8).

The second section featured large compositions and juxtapositions of polaroids, conveying the notion of continuity of movements and perspectives, in a kind of "drawing with the cameras", exhibition title of the first presentation of these works.

The third section was described by the curator of the Victoria & Albert Museum at the time, Mark Haworth-Booth, in his essay for the catalogue, as: "The photo-collages following the series of polaroids were made with the little Pentax or with a Nikon, with a lens of about 100 mm, created and processed in the nearest photographic laboratory, reunited and finally placed in their final position.” (ibid., p.10)

In addition to both Mark Haworth-Booth and Luis Revenga essays and to the many colored and black and white reproductions of the works on display, the catalogue of the exhibition includes a statement by David Hockney himself, in which the artist addresses his interpretation of the photographic practice (David Hockney. Fotógrafo, pp.13-20).

The author was so interested in emphasizing “that photography excludes more than it reveals and that it is built upon shapes that are contrary to natural vision”, that he decided, with his technical team, that the quality of the graphic support materials, such as posters, should be provided directly by them, so as not to distort his intentions (ibid., p. 7). However, despite giving rigorous indications to this effect, the artist would eventually authorize the edition of the poster by the technical services of the FCG.

The archive documentation gathered some news published on the national written press. The exhibition did not accomplished, however, the impact on the media that would be expected from such an event. This fact reflects, perhaps, the lingering estrangement of the Portuguese visual culture towards the contemporary international values. Despite this, Alexandre Melo’s article, indicated that a new generation of art critics was attentive to the international artistic context (Melo, JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, 19 nov.1985).


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Ciclo de cinema

[David Hockney]

British Council
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José Azeredo Perdigão (ao centro) e José Sommer Ribeiro (à dir.)
Exposição «David Hockney. Fotógrafo»
José Azeredo Perdigão (à dir.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00323

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, orçamentos, ofícios internos, correspondência recebida e expedida, relação de obras, elementos para o catálogo, recortes de imprensa. 1984 – 1987

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / Dossiê BA/FCG

Coleção de dossiês com recortes de imprensa de eventos realizados nas décadas de 80 e 90 do século XX, organizados de forma temática e cronológica. 1984 – 1997

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/043-D02702

11 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1985

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0174-D00513

10 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1985

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0174-D00510

10 provas, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1985

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0174-D00511

9 provas, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1985

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0174-D00512

16 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1985

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0174-D00514

3 negativos, p.b.: aspetos ( MNSR, Porto) 1985

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0174-D00514

3 provas, p.b.: aspetos (MNSR, Porto) 1985


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