A exposição de trabalhos de Martha Teles (1930-2001) inaugurou a 12 de junho de 1984 na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 01), apresentando 60 pinturas, desenhos e gravuras. A exposição encerrou a 8 de julho de 1985, contando à data de 24 de junho 1665 visitantes.

Artista natural do Funchal, Martha Teles foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) entre 1963 e 1965, em Paris, onde estudou pintura, sob a orientação de Maria Helena Vieira da Silva, e Sociologia da Arte, na Sorbonne.

Aquando da exposição, a artista estava já representada na Coleção Moderna da FCG com quatro trabalhos: O Poço (1965), O Presente (1980), Férias no Monte (1980) e Memórias de Infância «Festa de Anos» (1976).

A exposição foi realizada no Museu de Arte Sacra do Funchal a partir de 17 de julho (com encerramento inicialmente previsto para 17 de agosto de 1984). Américo Ferreira da Silva, do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, deslocou-se à ilha para acompanhar a montagem.

Pela grande afluência de visitantes, a exposição foi prolongada até 24 de agosto. Foi também proposta a sua apresentação nas cidades de Vila Real, Porto e Coimbra, respetivamente na Casa de Mateus, no Museu Nacional de Soares dos Reis e na Galeria Chiado, com organização da Associação Portugal-Canadá, em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian. O apontamento datado de 25 de setembro de 1984, e assinado por Américo Ferreira Silva, dá conta de que o apoio da FCG seria prestado ao nível da montagem das exposições, deslocando-se, para o efeito, um responsável e dois montadores a cada cidade.

A exposição foi ainda programada para Évora, no início de 1985. Não foi possível apurar as datas de inauguração e encerramento da exposição no Porto e em Évora. Em Coimbra, o local da exposição terá sido alterado para o Círculo de Artes Plásticas, onde esteve patente entre 29 de novembro e 15 de dezembro, segundo um dos cartazes de divulgação.

Em alguns recortes de imprensa, a data de inauguração na Casa de Mateus, em Vila Real, surge como sendo 25 de setembro, mas não foi possível apurar a data de encerramento. Sabe-se que, pelo menos na itinerância ao norte, a mostra teve o apoio da Embaixada do Canadá em Portugal, nomeadamente do seu advogado Artur Reis e Sousa.

O catálogo da exposição tem uma nota introdutória de José Sommer Ribeiro, um texto de Luís de Moura Sobral e outro de Gérard de Valck, seguindo-se as reproduções de algumas das obras expostas e uma biografia da artista. Os textos do catálogo fazem uma análise da vida e obra de Martha Teles, referindo-se à resistência da pintura face ao aparecimento da gravura, litografia, fotografia, cinema, televisão e vídeo, mas também sublinham o lado surrealista do seu trabalho. Este surrealismo latente é algo que, segundo Gérard de Valck, aproxima a pintura de Martha Teles do sentimento das telas de Chirico, Magritte, Colville e Hooper, denotando igualmente a influência de cineastas como Buñuel, Bergman, Antonioni e Resnais, por quem a artista nutria admiração.

A exposição, fotografada para a revista Mulheres, foi divulgada nos jornais A Tarde, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Diário Popular, Jornal da Madeira, A Capital, Notícias da Tarde, O Globo, O Diário e Primeiro de Janeiro. Os artigos encontrados referem-se sobretudo à divulgação da exposição pelos diversos locais da sua itinerância. Os textos de maior dimensão dedicam-se à obra da artista e ao seu percurso académico e profissional, fazendo menção ao período de nove anos em que Martha Teles se afastou do mundo artístico.

Carolina Gouveia Matias, 2017