Exposição itinerante dedicada à pintura produzida pela comunidade de Oenpelli, região aborígene australiana, comissariada por Anthony Wallis. Foram expostas, além de 11 fotografias documentais da arte e da etnografia de um povo herdeiro de 30 mil anos de cultura tribal, 52 pinturas sobre casca de eucalipto, de 13 artistas do grupo Gunwinggu.
Travelling exhibition dedicated to the painting of the Oenpelli Australian Aboriginal community curated by Anthony Wallis. In addition to 11 documentary photographs on the art and ethnography of a people whose cultural and tribal history span thirty thousand years, the show featured 52 paintings on eucalyptus bark by 13 artists of the Gunwinggu tribe.
Exposição dedicada à pintura produzida pela comunidade de Oenpelli, região aborígene australiana, comissariada por Anthony Wallis e organizada pela Aboriginal Artists Agency e pelo departamento de Arte Aborígene do Australia Gallery Directors Council. A apresentação em Lisboa ficou a dever-se à ação da Embaixada da Austrália em Portugal, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e do seu Serviço de Exposições e Museografia.
A originalidade do evento residiu na possibilidade de o público tomar contacto com a arte produzida por uma comunidade aborígene australiana. A este respeito, no jornal O Dia sairia a seguinte notícia: «Esta, pois, uma estranha exposição que nos dá um panorama diversificado de uma história, de uma cultura e de uma civilização em tão distante continente.» (O Dia, 25 jun. 1982)
Além de 11 fotografias documentais a preto-e-branco representando a arte e a etnografia de um povo herdeiro de 30 mil anos de cultura tribal, foram ainda apresentadas na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 01) 52 pinturas sobre casca de eucalipto, à base de tons térreos, criadas por 13 artistas pertencentes ao grupo Gunwinggu de Oenpelli, no norte da Austrália.
As pinturas obedeciam a um cerimonial próprio, passado, por etapas, de pais para filhos: «O artista Gunwinggu pode ser um macho adulto da comunidade mas os desenhos que lhe são permitidos desenhar serão determinados pela sua categoria no cerimonial e grau de iniciação.» (Pinturas de Oenpelli, 1982)
Nestas pinturas sobressaem imagens simbólicas e arquétipos ancestrais, como a serpente arco-íris, o relâmpago, o tambor sagrado, a sereia, entre outras lendas e ritos totémicos.
No folheto que acompanhava a exposição pode ler-se: «O desejo de dar expressão visual e material às crenças e mitos religiosos relativos às viagens e actividades dos grandes espíritos dos antepassados encontra um escoamento em muitas formas de arte.» (Ibid.)
O pintor Fernando de Azevedo assinala nestas pinturas a sua «facilidade narrativa […], a qualidade narrativa expressa na invocação do sagrado, o modo como o quotidiano integra o sagrado ou o religioso nas suas formas mais secretas e puras» (Azevedo, Colóquio/Artes, set. 1982, p. 71).
Após o seu termo em Lisboa, a exposição seguiu para o Commonwealth Institute de Londres.
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00255
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, orçamentos, correspondência recebida e expedida, elementos para o catálogo e recortes de imprensa.1981 1982
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02152
7 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa)1982
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0114-D00368