Exposição itinerante dedicada à obra do pintor mexicano Manuel Felguérez (1928), promovida pela Embaixada do México em Portugal e organizada com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), através do seu Serviço de Exposições e Museografia.

A circulação internacional desta exposição contou com o patrocínio do Instituto Ibero-Americano de Cultura, tendo sido primeiramente exibida em Madrid, no Museo de Arte Contemporáneo, seguindo-se a apresentação em Lisboa, na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 01). Para completar este périplo europeu, a exposição foi ainda mostrada em Bruxelas (Bélgica) e em Zurique (Suíça).

As relações culturais entre a Embaixada do México em Portugal e a FCG já se haviam estreitado no decorrer de realizações anteriores, nomeadamente pela organização da exposição dedicada ao pintor mexicano Juan Soriano, realizada no ano anterior (1980). Em resposta ao bom acolhimento da iniciativa por parte da FCG, a Embaixada do México assinalaria, em carta dirigida ao diretor do Serviço de Exposições e Museografia, o reconhecimento pela «realización de un nuevo acto de cooperación en el campo cultural entre México y Portugal» (Carta do embaixador do México em Portugal para José Sommer Ribeiro, 20 out. 1980, Arquivos Gulbenkian, SEM 00208).

Inaugurada em Lisboa, a exposição contou com a presença do artista, apresentando 30 pinturas (óleos sobre tela) produzidas nos últimos anos da década de 1970 para uma exposição intitulada La Superficie Imaginaria, nas quais Felguérez explorava um abstracionismo que se conjugava com o geometrismo e que marcava a rutura com a tradição muralista da Escola Mexicana.

Fernando Gamboa, diretor do Museo de Arte Moderno da Cidade do México, entre os anos de 1972 a 1981, analisaria esta fase do trabalho de Felguérez nos seguintes termos:

«São muito atraentes os contrastes que oferecem os quadros desta exposição: a austeridade das formas geométricas fundamentais – o círculo, o quadrado e o triângulo com as suas cinco combinações que somam um número igual ao das notas musicais com as quais se faz a grande música durante séculos – e, por outro lado, a repetida melodia suave e profunda das cores […]; as superfícies sempre imaginárias e os espaços que se abrem, dando profundidade à obra; a pintura lisa em parte que alternam com outras de grande riqueza de matéria que as faz vibrar. Feliz conjugação da tecnologia dos nossos dias e da tradição pictórica.» (Manuel Felguérez, 1981)

Num artigo para o jornal mexicano Excelsior, Manuel Felguérez congratularia os dinamizadores pelo apoio à iniciativa e justificaria a pertinência desta exposição em circuito internacional, revelando que esta possibilitava «estender o seu itinerário a outros países europeus, de maneira a permitir que no estrageiro se conhecesse a arte mexicana actual» (Felguérez, Excelsior, 24 out. 1980 [trad.]).

Filipa Coimbra, 2017