Vidros de Murano

Exposição apresentada no Palácio Foz, em Lisboa, numa iniciativa promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com o Istituto Italiano di Cultura em Portugal. Contando com mais de 500 peças, teve como modelo a exposição de vidros artísticos de Murano realizada em Viena em 1951.
In an initiative led by the Calouste Gulbenkian Foundation, in collaboration with the Italian Cultural Institute in Portugal, the Palácio Foz in Lisbon hosted an exhibition displaying more than 500 works, modelled on the Murano art glass exhibit held in Vienna in 1951.

Esta exposição começou a ser pensada em 1959, data em que também se começou a delinear a realização do Congresso das Federações Nacionais Vidreiras dos Países da Europa Ocidental, organizado pelo Grémio Nacional de Indústria Vidreira, e veio a ter lugar nos dias 24 a 26 de maio de 1961, em Lisboa. Inaugurada pouco depois da realização do congresso, a exposição «Vidros de Murano» constituiu uma iniciativa autónoma daquele, resultando da colaboração entre o Istituto Italiano di Cultura em Portugal e a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e realizando-se no Palácio Foz, em Lisboa.

Tendo como modelo a exposição de vidros artísticos de Murano que teve lugar em Viena em 1951 («Venezianer Gläser», no Museum für Angewandte Kunst) esta mostra visava apresentar «peças antigas ou de acentuado cunho artístico» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, Arquivos Gulbenkian, SBA 18421).

Foram exibidas no Palácio Foz «548 espécies, muitas delas compostas de várias peças: ao lado de obras originais dos primeiros anos do século XVI, amavelmente enviadas pelo Museo Vetrario de Murano e por colecionadores particulares, encontravam-se expostas obras muito recentes, apenas saídas dos fornos e já adquiridas e destinadas aos maiores museus europeus de artes decorativas» (Vidros de Murano, 1961).

Procurando «dar o maior relevo às peças antigas, e criar a fusão, harmónica tanto quanto possível, entre o antigo e o moderno», as salas do Palácio Foz destinadas à exposição foram intervencionadas pelo «jovem arquitecto português Sommer Ribeiro, que também desenhou e mandou executar os vinte e oito escaparates destinados à exposição das peças menores» (Ibid.).

A natureza da mostra, e a profusão de objetos expostos, levou a que tenha sido criticada por um redator anónimo do Boletim do Secretariado Nacional da Informação, que se insurgiu contra a «exposição-feira, de inferior categoria, que em nada prestigia […] a arte italiana do vidro de Veneza», concluindo que «há exposições que ensinam como se deve fazer; há as que mostram como se não deve proceder. Esta, dos vidros que a Fundação Gulbenkian possibilitou, pertence ao segundo grupo» (Boletim do SNI, 8 jul. 1961). Esta crítica levou José de Azeredo Perdigão, presidente da FCG, a escrever ao Secretário Nacional do SNI, César Moreira Baptista, criticando a publicação de tal texto num órgão de informação oficial, tanto mais tendo em conta o facto de essa exposição «ter sido realizada nos próprios salões do Secretariado», sob o alto patrocínio do Ministério da Educação português e do Ministério da Instrução Pública italiano (Carta de José de Azeredo Perdigão para César Moreira Baptista, 26 jul. 1961, Arquivos Gulbenkian, SBA 18421).

Joana Baião, 2014


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Fotografia digitalizada a partir do catálogo da exposição
José de Azeredo Perdigão (ao centro)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 16161

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém recortes de imprensa. 1961 – 1961

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 18421

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informações e despachos, despesas (catálogo, consumo de energia elétrica, pessoal do SNI e vitrines), correspondência com o Instituto Italiano e SNI, elementos sobre a elaboração do catálogo e publicidade. 1961

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 18421

3 provas, sépia: aspetos (Museu de Artes Aplicadas de Viena, Áustria) 1961 – 1961

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0303-D00958

7 provas, p.b.: aspetos (Palácio Foz, Lisboa) 1961


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