Património Arquitectónico Europeu. Um Futuro para o Nosso Passado

Comemorações do Ano Internacional do Património

Exposição organizada pelo Conselho da Europa no âmbito da Comissão Nacional do Ano do Património Arquitectónico Europeu. Com o objetivo de expor os problemas de conservação e restauro de monumentos e conjuntos urbanos e rurais, a mostra contou com mais de uma centena de painéis de diversos países europeus.
Exhibition arranged as part of the National Commission of the European Architectural Heritage Year and designed to draw attention to difficulties related to the conservation and restoration of monuments as well as urban and rural settings. The show was organised by the Council of Europe and featured a display of over a hundred tableaux representing several European countries.

A Comissão Nacional do Ano Internacional do Património Arquitectónico Europeu trouxe a Lisboa a exposição «Um Futuro para o Nosso Passado», uma exposição do Conselho da Europa, que já tinha sido apresentada em diversas capitais europeias, no âmbito das premissas da «Carta Europeia do Património Arquitectónico» (1975) e das comemorações do Ano do Património Arquitectónico Europeu.

Na «Carta Europeia do Património Arquitectónico», redigida em 1975 em Amesterdão, apresentam-se os propósitos das Comemorações do Ano Internacional do Património Arquitectónico Europeu: «Graças à iniciativa tomada pelo Conselho da Europa em declarar 1975 como o Ano Europeu da Arquitectura, foram feitos esforços consideráveis em todos os países europeus para tornar o público mais consciente dos insubstituíveis valores cultural, social e económico representados pelos monumentos históricos, pelos grupos de edifícios e pelos sítios interessantes situados quer nas cidades, quer no campo.» («Carta Europeia do Património Arquitectónico. Introdução», Amesterdão, out. 1975).

A exposição internacional foi constituída por mais de uma centena de painéis de diversos países europeus, em que foram apresentados trabalhos relacionados com problemas de conservação e restauro de monumentos e de conjuntos urbanos e rurais. Os painéis pretenderam ilustrar os aspetos sociais, técnicos, artísticos e históricos de cada país representado, cada um deles, ou cada grupo nacional, traduzindo enfoques diferentes dentro de séries temáticas preestabelecidas.

A participação portuguesa na exposição do Conselho da Europa «Um Futuro para o Nosso Passado» foi organizada e apresentada em Portugal sob o patrocínio da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), nas galerias e reservas visitáveis do Museu da FCG, com inauguração em novembro de 1976.

A exposição na FCG integrou igualmente uma exibição de fotografias documentais, que se somaram aos objetos dos restantes 19 países participantes, em programa integrado na definição do Ano do Património Arquitectónico do Conselho da Europa, no qual Portugal alcançara então o direito de participar, fazendo-se representar nas suas diversas iniciativas.

Assim, a Fundação Calouste Gulbenkian contribuiu para esta iniciativa internacional através da exposição de trabalhos de proteção e restauro de monumentos nacionais, desenvolvidos pelas instituições portuguesas, nomeadamente a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e o Instituto de Restauro José de Figueiredo. A documentação selecionada foi apresentada em vários painéis, agrupados nos seguintes temas: soluções históricas, persistências, simbioses e metamorfoses; restauro; intervenções; sítios e conjuntos a preservar.

O certame foi organizado de acordo com um programa que procurou identificar quatro setores distintos. O primeiro, de caráter introdutório, recordou soluções históricas de persistência e redefinição das funções dos monumentos nacionais. O segundo, integrando a denominada Baixa Pombalina, um conjunto urbano de características muito particulares, relacionadas com as razões que motivaram sua construção, onde estiveram em foco algumas propostas de datação recente, de recuperação e revitalização arquitetónica. O terceiro núcleo expositivo apresentou três casos de restauro, no campo da arquitetura (Conímbriga), da escultura (Alcobaça) e da pintura (Monsaraz), escolhidos em função dos respetivos enquadramentos monumentais a que pertencem. O último setor da exposição consagrou e relembrou alguns sítios e conjuntos monumentais a preservar em Portugal, pondo em evidência as preocupações de destino do património arquitetónico e urbanístico nacional.

A Fundação Calouste Gulbenkian organizou ainda um conjunto de atividades culturais complementares ao certame, designadamente duas visitas guiadas, asseguradas pelo arquiteto Duarte Castel-Branco, e uma sessão cinematográfica constituída pela exibição de seis filmes dedicados a temas abrangidos pela problemática geral da exposição.

Com o propósito de preservar a memória desta exposição, a FCG contou ainda com a reportagem audiovisual de todo o certame aquando da sua posterior representação na cidade do Porto, trabalho esse que ficou a cargo do técnico de filmagens da FCG, António Campos.

O historiador e crítico de arte José-Augusto França, na recensão que dedicou à exposição, realçou o interesse de que ela se revestiu, enquadrando-a: «É importante observar-se como, de país para país, variam as interpretações, tanto como os programas e os problemas. Nos seus momentos mais interessantes, os países insistem numa documentação vivencial, levando a exposição para além de meras colecções de fotografias de monumentos até ao nível duma reportagem do próprio viver social, gerador das “imagens” da cidade ou do campo em que participamos directa ou indirectamente. […] O grande interesse da exposição formulou-se no intuito de chamar a atenção para os aspectos circunstanciais da arquitectura a preservar, naquilo em que ela realmente se traduz em experiência quotidiana.» (França, Colóquio/Artes, n.º 30, dez. 1976)

Finda a sua apresentação em Lisboa, a produção do certame «Um Futuro para o Nosso Passado» transitou ainda para outras cidades nacionais, nomeadamente o Porto (1977), Abrantes (1977), Tomar (1977) e Coimbra (1980/81).

Inserida também nas comemorações do Ano Internacional do Património Arquitectónico Europeu que naquele ano se realizara, sob o subsídio e patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian e organizada pela Academia Nacional de Belas-Artes, realizou-se uma primeira exposição, com a qual, estudando um aspeto da «Lisboa Oitocentista», Portugal contribuía, desde logo de forma original, nesta iniciativa do Conselho da Europa.

Joana Brito, 2016


Ficha Técnica


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Património Arquitectónico Europeu. Um Futuro para o Nosso Passado]

1977
Fundação Calouste Gulbenkian / Museu Calouste Gulbenkian – Galeria de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal
Ciclo de cinema

[Património Arquitectónico Europeu. Um Futuro para o nosso Passado]

1976 – 1977
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Mário Soares (ao centro) e José Azeredo Perdigão (à dir.)
Duarte Castel-Branco.
Mário Soares e José de Azeredo Perdigão (ao centro) e David Mourão-Ferreira (à dir.)
Mário Soares (à esq.), David Mourão-Ferreira e José de Azeredo Perdigão (ao centro)
Mário Soares e David Mourão-Ferreira (à esq.) e José de Azeredo Perdigão (ao centro)
David Mourão-Ferreira e José de Azeredo Perdigão (à esq.) e Mário Soares (à dir.)
Mário Soares e José de Azeredo Perdigão (à dir.)
Mário Soares (à esq.) e José de Azeredo Perdigão (ao centro)
José de Azeredo Perdigão (ao centro) e Mário Soares (à dir.)
Mário Soares (à dir.)

Multimédia


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 01377

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência com os municípios nacionais interessados em apresentar a exposição com o apoio da FCG, orçamento das visitas guiadas e planificação da sessão cinematográfica. 1977 – 1981

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 14388

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documentos e correspondência com o realizador António Campos, relativos ao documentário sobre a exposição. 1976 – 1984

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 04962

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documentos relativos ao subsídio concedido pela FCG ao Academia Nacional de Belas-Artes (ANBA) no contexto da exposição, contribuindo para o programa das comemorações do Ano Internacional do Património Arquitetónico. 1975 – 1978

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 01519

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informação relativa à itinerância da exposição na cidade de Abrantes. 1977 – 1977

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 01369

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém diapositivos que documentam a exposição. 1976 – 1977

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01994

3 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1977

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0424-D01241

30 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1977

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/002/01-D00288

7 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1976

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/028-D00076

12 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1976


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