Os Shakers. Vida e Produção de uma Comunidade nos Tempos Pioneiros da América

Exposição organizada por iniciativa do arquiteto vienense Karl Mang, com vista a apresentar a seita cristã criada na comunidade emigrante inglesa que se fixou em Nova Iorque durante a segunda metade do século XVIII. A seita, fundada por Ann Lee (1736-1784), encontrava-se em extinção aquando da exposição.
Exhibition presenting the Shaker Christian sect founded by Ann Lee (1736-1784) in the second half of the 18th century amongst English settlers in New York. At the time of the show, organised by the Calouste Gulbenkian Foundation on the initiative of Viennese architect Karl Mang (1922-2015), the Shaker community had all but vanished.

A iniciativa da realização desta exposição etnográfica partiu do arquiteto vienense Karl Mang, presidente do Instituto Austríaco do Design (Österreichisches Institut für Formgebung), em colaboração com o crítico de arte e curador Wend Fischer.

Apresentada no ano anterior (1976) no Centre Georges Pompidou, em Paris, e também exibida na ex-Jugoslávia, Polónia, Roménia e Inglaterra, a exposição foi organizada pelo Serviço de Exposições e Museografia da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), a fim de ser apresentada na Galeria de Exposições Temporárias da sede (piso 01), em Lisboa, no ano de 1977.

A exposição procurou apresentar ao público português a cultura e o estilo de vida praticados por esta seita religiosa cristã, fundada por Ann Lee, que se desenvolvera a partir de uma comunidade emigrante inglesa, fixada em Nova Iorque durante a segunda metade do século XVIII (1774) e que posteriormente se distribuíra por outras regiões, como Nova Inglaterra, Kentucky, Ohio e Indiana.

Num documento oficial do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, o interesse da montagem da exposição em Lisboa justificava-se pela sua relevância histórica e sociológica: «[O] modo como ela foi organizada por Karl Mang […] dá-nos bem o panorama do que seria uma comunidade dos Shakers, e de que forma, nos Estados Unidos, os pioneiros da emancipação da Mulher e da igualdade racial […] foram também grandes inovadores quer na indústria quer na agricultura.» (Apontamento do Serviço de Exposições e Museografia, 19 mar. 1976, Arquivos Gulbenkian, SEM 00101)

Na opinião do investigador Heitor Baptista Pato, esta exposição permitia igualmente perceber a forma como o design conferia uma atenção cada vez maior ao espaço e como as soluções funcionais e estéticas praticadas por estes «primitivos pioneiros» despertavam um interesse «sempre renovado e atento» na comunidade (Pato, O Dia, 2 de abr. 1977).

Também o crítico de arte Mário de Oliveira assinou um artigo dedicado à exposição, em que propunha os Shakers, pela aproximação entre o funcionalismo e a sua estética depurada, como precursores dos movimentos modernistas, tais como a Bauhaus (Oliveira, O País, 1 abr. 1977).

A pertinência desta exposição justificava-se também pelo facto de se tratar de uma mostra que apresentava aspetos pouco conhecidos da cultura de uma comunidade perto da extinção, uma vez que, à época, já só existiam dois pequenos grupos, determinados na recusa da integração de novos membros.

A exposição consistiu na apresentação de um conjunto de fotomontagens de objetos da cultura Shaker, como mobiliário, têxteis, artefactos, utensílios domésticos, alfaias agrícolas, artes gráficas, bem como de alguns exemplos da sua arquitetura, como a igreja de Shirley (1793), de Moses Johnson, transferida para Hancock em 1962, ou o estábulo redondo de Hancock (1826).

O catálogo, além reunir ensaios explicativos do modo de vida destas comunidades, da sua filosofia e doutrina, apresenta uma cronologia da sua génese e dos seus principais momentos, nomeadamente o da sua fixação nos EUA. Deste modo, a exposição retratava: «O modo de viver dos Shakers e as suas técnicas de produção, que foram baseadas nos dogmas do seu credo. Pureza e simplicidade eram consideradas as maiores virtudes […]. Os seus edifícios, quartos, mobiliário, equipamento e ferramentas, todo o seu ambiente dava testemunho do seguinte: eles diferenciavam-se pela sua aptidão para o objectivo pretendido, pela sua simplicidade e clareza das formas, bem como pela perfeição do seu design funcional.» (Os Shakers. Vida e Produção de uma Comunidade…, 1977, p. 8)

A inauguração da exposição contou com a presença do embaixador dos EUA em Portugal e integrou uma conferência proferida por um dos curadores da exposição, o arquiteto Karl Mang, que abordou alguns dos aspetos mais significativos das comunidades de Shakers nos EUA.

Filipa Coimbra, 2016

The initiative to hold the ethnographic exhibition came from Viennese architect Karl Mang (1922-2015), director of the Austrian institute of design, Österreichisches Institut für Formgebung, in cooperation with art critic and curator Wend Fischer (1916-2005).
Presented the previous year (1976) at the Centre Georges Pompidou in Paris and also shown in the former Yugoslavia, Poland, Romania and England, the exhibition was organised by the Calouste Gulbenkian Foundation's (FGC) Exhibitions and Museography Department to be held in the lower ground floor of the Temporary Exhibitions Gallery in Lisbon in 1977.
The exhibition sought to introduce the Portuguese public to the culture and lifestyle of this Christian religious sect founded by Ann Lee (1736-1784), which developed in a community of English settlers in New York during the second half of the 18th century (1774) before spreading to other areas of America, including New England, Kentucky, Ohio and Indiana.
In an official document issued by the FCG Exhibitions and Museography Department, it was important to hold the exhibition in Lisbon thanks to its historical and sociological value:
(...) the way in which it has been organised by Karl Mang (...) gives us a proper panorama of the Shakers community and how the pioneers of women's emancipation and racial equality in the United States (...) were also great innovators in industry and agriculture. (Note by the Exhibitions and Museography Department, 19 Mar. 1976. Gulbenkian Archives, SEM 00101)
In researcher Heitor Baptista Pato's opinion, the exhibition would also make it possible to see how design was dedicating more and more attention to space and how the functional and aesthetic solutions used by these primitive pioneers aroused interest in the community that was constantly renewed and alert (Pato, O Dia, 2 Apr. 1977).
Art critic Mário de Oliveira wrote an article on the exhibition in which he suggested the Shakers, by bringing together functionalism and their uncluttered aesthetic, were the forefathers of modernist movements such as Bauhaus (Oliveira, O País, 1 Apr. 1977).
This exhibition was also relevant because it dealt with a sample that included little known aspects of the culture of a community that was close to coming to an end; at the time, there were only two small groups remaining, and they were determined not to allow new members to join.
The exhibition presented a range of photomontages of objects from the Shaker community, including furniture, textiles, artefacts, domestic utensils, agricultural implements, graphic arts and also some examples of its architecture, such as Moses Johnson's Shirley church (1793), transferred to Hancock in 1962, or the round stable in Hancock (1826).
As well as bringing together explanatory essays on these communities' ways of life, their philosophy and doctrine, the catalogue also presents a timeline tracing how the religious group was set up and its major events, such as its settlement in the USA.
The exhibition therefore portrayed the Shakers' lifestyle and production techniques, which were based on the dogmas of their beliefs. Purity and simplicity were considered the greatest virtues (...) Their buildings, bedrooms, furniture, equipment and tools, their entire environment reflected the following: they stood out for their ability to work towards the intended goal, for their simplicity and clarity of form and for the perfection of their functional design. (Os Shakers. Vida e Produção de uma Comunidade... , 1977, p. 8)
The exhibition opening was attended by the US ambassador in Portugal and included a conference given by one of the exhibition curators, architect Karl Mang, who discussed some of the most important features of Shaker communities in the USA.

Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

[Em revisão]

[Os Shakers. Vida e Produção de uma Comunidade nos Tempos Pioneiros da América]

21 mar 1977
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Galeria de Exposições Temporárias (piso 01)
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Conferência de imprensa. Karl Mang (à dir.)
Conferência de imprensa. Karl Mang (à dir.)
Frank Carlucci (à esq.) e José de Azeredo Perdigão (à dir.)
José de Azeredo Perdigão (ao centro)
Madalena de Azeredo Perdigão e José de Azeredo Perdigão (à esq.)
José de Azeredo Perdigão (à dir.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00101

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, correspondência recebida e expedida, orçamentos, seguros, elementos para o catálogo e recortes de imprensa. 1975 – 1977

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01976

2 provas, p.b.: conferência de imprensa (FCG, Lisboa) 1977

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/028-D00110

6 provas, p.b.: conferência de imprensa (FCG, Lisboa) 1977

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01977

2 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1977

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/028-D00111

11 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1977


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