Arquitecturas de Terra ou o Futuro de uma Tradição Milenar. Europa, Terceiro Mundo, Estados Unidos

Apresentada em Lisboa pela Fundação Calouste Gulbenkian e organizada por iniciativa do Centre de Création Industrielle do Centre Georges Pompidou, que no início da década de 1980 se associou ao CRATerre – Centre International de la Construction en Terre, instituição dedicada ao estudo da terra enquanto material de construção e edificação.
Arranged in Lisbon by the Calouste Gulbenkian Foundation and conceived in the early 1980s by the Centre de Création Industrielle of the Georges Pompidou Centre, in a partnership with CRATerre - Centre International de la Construction en Terre, a research institution in earthen architecture.

Exposição apresentada primeiramente em Paris, no Centre Georges Pompidou, e cujo êxito levou à sua itinerância, entre 1981 e 1993, por vários países da Europa, África e América, nomeadamente, Alemanha, Itália, Espanha, Holanda, Argélia, Marrocos, Brasil, Venezuela e México. As várias exibições durante este período foram da responsabilidade do Centre de Création Industrielle do Centre Georges Pompidou (entre 1981 e 1985) e da associação parisiense Objectif Terre (a partir de 1986).

O bom acolhimento da exposição em Lisboa participava do interesse crescente que o tema registava por todo o país. Assinale-se que em 1992 se realizara em Conímbriga o Seminário «Arquitecturas de Terra», que contou com a participação de Jean Dethier, comissário da exposição «Des Architectures de Terre» (1981), e de Hugo Houben, engenheiro do Grupo CRATerre e professor da Escola de Arquitetura de Grenoble (as atas deste encontro foram publicadas com o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian); e em outubro de 1993, uns dias antes da inauguração da exposição, decorreu em Silves a 7.ª Conferência Internacional sobre o Estudo e Conservação da Arquitectura de Terra, «Terra 93», iniciativa organizada pela DGEMN, em parceria com a Câmara Municipal de Silves, o ICCROM e o CRATerre, sob o patrocínio do Comité Internacional dos ICOMOS para o Estudo e a Conservação da Arquitetura de Terra. A Fundação Calouste Gulbenkian decidiu então associar-se na promoção de iniciativas ligadas ao estudo e conservação da arquitetura de terra, como testemunha José Sommer Ribeiro: «Dado o interesse com que mundialmente tem vindo a ser estudado este sistema de construção, a Fundação Calouste Gulbenkian, considerou oportuno apresentar a exposição “Arquitecturas de Terra”.» (Arquitecturas de Terra. Trunfos e Potencialidades de um Material de Construção Desconhecido…,1993)

Não pretendendo apresentar uma mera remontagem da exposição preparada pelo Centre Pompidou, Sommer Ribeiro sugeriu ao comissário que a mostra fosse complementada com um núcleo referente à arquitetura de terra nos países lusófonos. Esta proposta ia ao encontro das intenções dos organizadores, que queriam incluir no corpo central da exposição uma extensa secção dedicada a Portugal. A criação deste novo núcleo foi atribuída ao arquiteto Fernando Pinto, destacado pelo Ministério das Obras Públicas.

Na secção dedicada ao uso, no território português, da terra crua como material de construção, o tema era abordado de um ponto de vista histórico e técnico, sendo salientada a tradição (especialmente no Alentejo e Algarve) no recurso a este tipo de construção:

«As variadas tecnologias da terra utilizadas [em Portugal], das quais sobressaem a taipa, o adobe e o pau-a-pique, revelam influências variadas cujas origens urge estudar aprofundadamente. Importa ainda que este estudo seja levado a cabo nos países de expressão portuguesa e em algumas regiões da Ásia em que os portugueses permaneceram.» (Ibid.)

A exposição «Arquitecturas de Terra» apresentada em Lisboa pretendeu não só mapear e ilustrar o passado e o futuro das construções de terra, e as suas possibilidades construtivas, mas também motivar e incentivar à criatividade dos arquitetos e técnicos nacionais, o que, aliás, como reforça Sommer Ribeiro, vinha já a ser feito pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (Ibid.).

Joana Brito, 2016


Ficha Técnica


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Arquitecturas de Terra ou o Futuro de uma Tradição Milenar. Europa, Terceiro Mundo, Estados Unidos]

23 nov 1993
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Multimédia


Documentação


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00319

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, informação relativa à edição do catálogo, cartaz, convites da exposição, contratos de empréstimo e exibição da exposição e de edição do catálogo. 1990 – 1996

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM-S005/01/01-P0156-D02707

Álbum com 11 provas fotográficas, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1993


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