Fotógrafos Suíços. Depois de 1840 aos Nossos Dias

A organização desta exposição surge na sequência de uma itinerância internacional produzida pela Fotostiftung Schweiz, fundação para a fotografia na Suíça. Com o objetivo de traçar uma panorâmica da história da fotografia suíça, esta mostra terá constituído o primeiro contacto desta instituição com o grande público.
One in a series of international shows organised by the Fotostiftung Schweiz, the Swiss foundation for photography. The aim of the exhibition, which was the foundation's first event open to the general public, was to offer a panorama of the history of Swiss photography.

Produzida em 1974 pela Fotostiftung Schweiz (Fundação Suíça de Fotografia), fundada em 1971, esta exposição terá constituído o primeiro contacto desta instituição (instalada no Kunsthaus Zürich [Museu de Belas-Artes de Zurique]) com o grande público. Antes da sua montagem em Lisboa, foi apresentada em várias cidades europeias e fora da Europa: Genebra (Suíça, 1974), Lübeck (Alemanha, 1976), Teerão (Irão, 1978), Praga (República Checa, 1978), Hô Chi Minh (Vietname, 1979), Lisboa (Portugal, 1981), e pelas cidades australianas de Launceston, Devonport, Melbourne, Brisbane, Sydney, Wollongong e Ararat (1981-1982).

As montagens da exposição durante a itinerância implicaram uma redução do número de obras apresentadas originalmente em Zurique. Contudo, o autor do catálogo, Hugo Loetscher, viria a comentar que «neste caso, a redução significou também concentração» (Fotógrafos Suíços. Depois de 1840 aos Nossos Dias, 1981).

Em Lisboa, a mostra foi organizada conjuntamente pela Fundação Pro Helvetia, que assegurou os custos relacionados com os seguros, transporte, cartazes e catálogos em francês, e pela Fundação Calouste Gulbenkian, que ficou responsável pelas despesas alfandegárias em Lisboa, pela montagem e manutenção da exposição e pela edição de uma separata em português que acompanhava o catálogo.

Tendo como objetivo realçar todas as formas de linguagem fotográfica nas suas etapas sucessivas e na sua complexidade, os organizadores da exposição propunham não apenas dar a conhecer ao público a história da fotografia num determinado contexto geográfico, mas também oferecer ao espectador uma experiência visual global, resultante da confrontação de experiências particulares de cada fotógrafo em exibição.

Apresentava-se, assim, numa visão conjunta e aprofundada, a atividade fotográfica suíça ao longo de 130 anos. De acordo com Hugo Loetscher, «na sua intenção profunda, como também pela escolha do material fotográfico que ela reuniu, esta exposição propunha-se dar, nos limites da experiência actual, uma visão histórica da fotografia suíça. Mais ainda, não ficou estritamente sujeita à cronologia, como também nenhuma das secções nela inseridas acumulou referências à sucessão dos factos e dos documentos do tempo» (Ibid.).

Também de acordo com este autor, o processo de recolha e pesquisa do material a expor trouxe «algumas surpresas»: «A primeira surpresa foi, portanto, a obra de amadores, cujas fotografias encontraram o seu justo lugar na exposição, embora esta em princípio fosse reservada aos profissionais. Na verdade, a palavra “amador” tem neste domínio um significado muito especial, não só porque a fotografia se tornou para muitos um campo de actividade e um passatempo de predilecção que se apoia numa das maiores indústrias, mas também porque não existe outra profissão onde os autodidactas tenham um lugar tão considerável e incontestado.» (Ibid.)

A preocupação fundamental na organização desta exposição prendeu-se com a necessidade de constituir conjuntos bem definidos, a partir de um tema que podia ser, por exemplo, o retrato, ou a paisagem, quando não se tratava de uma reportagem ou de um ensaio. Assim, de acordo com as suas temáticas, as fotografias foram distribuídas ao longo de 20 secções: «A Suíça»; «Os começos»; «Imagem do homem»; «O retrato como reportagem»; «O fundo: ilusão prestigiosa e ambiência realista»; «Retrato de uma colectividade»; «Natureza objectiva e Natureza interpretada»; «A fotografia aérea»; «O mundo animal»; «O momento fixado. Fotografia instantânea e cómicos»; «A fotografia montada»; «A reportagem»; «Ensaio fotográfico»; «Hans Finsler ou um desenvolvimento da arte de ver um objecto fotográfico»; «A fotografia do objecto»; «A fotografia de modas»; «Fred Boissonnas ou a ilustração da diversidade»; «Paul Senn ou a opção de um fotógrafo»; «Gotthard Schuh ou uma nova aproximação do realismo»; «Werner Bischof ou da estética ao compromisso em fotografia».

A apresentação em Lisboa foi positivamente divulgada na imprensa nacional, da qual destacamos um curioso excerto: «E claro que uma incursão cultural à Fundação [Calouste Gulbenkian] é altamente recomendável. Dois de nós, cá da Redacção, quando estamos com os azeites e a vida vira prò canhoto, rumamos até lá, pra deleitar o espírito e remover nefastos pensamentos. Ora bem: a partir de agora, na Galeria de Exposições Temporárias, uma exposição […] de fotografias suíças. Levante-se e caminhe (para fazer a rábula do Rabi ao Lázaro): terá a oportunidade de saber que, ao contrário do que falou o Orson Welles, a Suíça não dá somente relógios de cuco.» (Ponto, 22 jan. 1981)

Joana Brito, 2015


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Roberto Gulbenkian (à esq.)
Exposição «Fotógrafos Suíços. Depois de 1840 aos Nossos Dias»

Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00204

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, convites e recortes de imprensa. 1980 – 1981

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02119

4 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1981


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