Little Sparta foi o nome atribuído pelo poeta e artista plástico escocês Ian Hamilton Finlay (1925-2006) à propriedade onde se estabeleceu com a sua família, em 1966, em Pentland Hills, perto de Edimburgo. O local é povoado por intervenções que conjugam poesia, escultura e jardinagem com a natureza florestal, procurando proporcionar experiências filosóficas e espiritualmente imersivas. É considerado um marco da land art britânica.

Desde 1993 que Robin Gillanders (1952) colaborava com Finlay, oferecendo a sua sensibilidade fotográfica ao registo de trabalhos artísticos. Em 1995, o território de Little Sparta começaria a ser alvo de abordagens mais diretas do espaço do jardim e da arte que o habita, por parte de Gillanders.

Os primeiros cinco anos deste cruzamento de universos autorais seriam objeto de uma exposição em 1998, na Scottish National Portrait Gallery, em Edimburgo. Compunha-se de duas secções: A Portrait of a Garden, série de 34 fotografias de Gillanders captadas no jardim; e Collaborations, dez trabalhos autónomos de Finlay fotografados por Gillanders.

Em 1998, Ana Vasconcelos, curadora da coleção de arte britânica do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), estabelece contactos com Julie Lawson, assistente de curadoria da National Photography Collection, ponderando uma apresentação deste projeto na Fundação Calouste Gulbenkian (Arquivos Gulbenkian, CAM 00428). A exposição integraria o programa de itinerantes internacionais do British Council, chegando a Lisboa por essa via. Inaugurou a 11 de julho de 1999 na Sala de Exposições Temporárias do CAMJAP, ficando patente ao público entre o dia seguinte e 15 de agosto daquele ano.

O website de Gillanders apresenta imagens de várias das colaborações com Ian Hamilton Finlay incluídas na exposição. Noutra secção, disponibiliza também a visualização das 34 imagens de Little Sparta. Portrait of a Garden, incluindo ainda o texto de uma conversa entre os dois autores, além da reprodução de dois artigos da imprensa escocesa – um sobre a primeira apresentação pública da exposição e outro sobre o livro editado nesse mesmo ano. Esta publicação, com o timbre da National Galleries of Scotland, contou com a participação destacada de Alec Finlay, filho de Ian Finlay e igualmente artista. À data, Alec era editor e designer de vários livros associados à obra do seu pai e à instalação viva que é Little Sparta, onde Alec cresceu. Quatro dessas publicações seriam encomendadas pelo CAMJAP no contexto da itinerância. Uma delas é Wood Notes Wild. Essays on Poetry and Art of Ian Hamilton Finlay, atualmente disponível na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.

Alec e a artista Zoë Irvine viajariam até Lisboa, dando apoio à finalização da montagem e marcando presença na inauguração. Robin Gillanders não pôde estar presente.

Lisboa tornava-se assim o terceiro momento do itinerário da exposição. Sucedia a uma apresentação no Palau de la Virreina, que tinha decorrido em simultâneo com uma mostra de trabalhos de Ian Hamilton Finlay na Fundació Joan Miró, ambas em Barcelona. O website oficial de Robin Gillanders refere também uma apresentação das fotografias na Galeria Awangarda, em Wroclaw (Polónia), em setembro de 2000.

Até 2004, Robin Gillanders continuaria a colaborar com Ian Hamilton Finlay. Resultados desse trabalho de continuidade encontram-se atualmente disponíveis no website do fotógrafo.

Ian Hamilton Finlay está representado na coleção do Centro de Arte Moderna com a peça escultórica Chrysalis, de 1996 (Inv. 99EE51), incorporada em 1999. Foi um dos artistas expositores na grande coletiva «A Ilha do Tesouro», realizada no CAMJAP em 1997.

Daniel Peres, 2019