Exposição de Pintura de Pola Aïvazian

Exposição proposta à Fundação Calouste Gulbenkian pela artista suíça Pola Aïvazian (1914-1967), por intermédio da Embaixada da Suíça em Portugal. No fim da exposição, a artista manifestou o desejo de oferecer à Fundação uma das obras expostas, para ser leiloada em favor das vítimas das inundações ocorridas na região de Lisboa e vale do Tejo nesse período.
Exhibition proposed to the Calouste Gulbenkian Foundation by Swiss artist Pola Aïvazian (1914-1967) through the Swiss Embassy in Portugal. The exhibition closed with the donation of one of the displayed works to the Gulbenkian Foundation, at the request of the artist, who wished for it to be auctioned off in support of the victims of the floods that had struck the Lisboa e Vale do Tejo region.

Em junho de 1967, a artista Pola Aïvazian (1914-1967), por intermédio da Embaixada da Suíça em Portugal, propunha à Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) a realização de uma exposição de pinturas da sua autoria, fundada não só no «interesse reconhecido à obra da artista, como também [no] facto de seu marido, o Senhor [Garo] Aïvazian, ser de origem arménia e ter o maior interesse em que a exposição em Portugal se faça graças ao concurso da Fundação instituída pelo Senhor Calouste Gulbenkian» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 7 jun. 1967, Arquivos Gulbenkian, SBA 15363). O pedido foi acompanhado por um filme e uma série de diapositivos relativos à obra da pintora, que vieram a contribuir para a aceitação do repto por parte da FCG.

Embora a Fundação Calouste Gulbenkian tivesse como linha de ação não subsidiar exposições individuais, e «sobretudo de artistas estrangeiros», exceto quando lhes reconhecesse «um interesse excepcional», Artur Nobre de Gusmão expõe a pertinência da integração desta mostra no programa de exposições da FCG: «Embora a obra da artista a que nos vimos referindo pudesse ser preterida pela de outros artistas da actualidade, partindo da circunstância de que esses outros nada nos pediram, nem em relação a eles nos foi feita qualquer proposta, não nos repugna que a Fundação Calouste Gulbenkian dê deferimento ao desejo de Pola Aïvazian. Bem entendido, ao admitirmos que o seu caso possa ser tomado como um caso de excepção, temos em conta muito particular a insistência com que, quer a artista e seu marido, quer a Embaixada da Suíça em Lisboa, invocam a origem arménia do Senhor Aïvazian.» (Ibid.)

Além disso, é referido o interesse que a obra de Pola Aïvazian poderia ter para o público português, sendo realçado o facto de a pintora apresentar obras com temas de «inspiração portuguesa», tais como Poente em Portugal, «inspirado por um pôr do sol na margem sul do Tejo», assim como outros quadros «cujo tema é constituído por ramos de flores com uma cor de inspiração portuguesa e que por vezes fazem lembrar as flores campestres que tradicionalmente o povo português faz no dia de 5.ª feira da Ascensão» ([Sem título], s.d., Arquivos Gulbenkian, SBA 15636).

O trabalho de Pola Aïvazian é apresentado no catálogo como sendo «ao mesmo tempo infantil e místico» (Exposição de Pintura de Pola Aïvazian, 1967), integrando-se na designada «arte naïf». No mesmo catálogo, ao apresentar o trabalho da pintora, Waldemar George afirma: «A sua arte não é e nunca será uma forma de actividade de pintor profissional que exerce um ofício ensinado nas Academias. Ela improvisa as suas obras num “estado segundo”.» (Ibid., 1967)

No final da exposição, a artista manifestaria o desejo de oferecer à FCG uma das obras expostas, para ser leiloada em favor das vítimas das inundações que haviam assolado a região de Lisboa e Vale do Tejo nesse período. Contudo, a FCG entendeu ser pouco praticável a realização de um leilão, pelo que José de Azeredo Perdigão terá sugerido consultar a Sociedade Nacional de Belas-Artes, «perguntando-lhe se […] estará disposta a expor o respectivo quadro no átrio da sua Sede durante um certo período de tempo e receber ofertas pelo quadro, entregando-o a quem por ele oferecesse melhor preço, revertendo a quantia assim obtida ao favor da Comissão que centraliza todos os subsídios dados para minorar os prejuízos sofridos pelas vítimas das últimas cheias». Em alternativa, sugere entregar o quadro ao Diário de Notícias ou à Cruz Vermelha, «os quais procederiam à sua venda, como melhor se lhes afigurasse» (Despacho do Presidente ao Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 11 dez. 1967, Arquivos Gulbenkian, SBA 15363).

Joana Baião, 2015


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15363

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, despachos, recortes de imprensa e catálogo. 1967

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01827

Coleção fotográfica, p.b.: montagem (FCG, Lisboa) 1967

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0336-D01016

10 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1967


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