Mark Lammert. Fragment d’Espace

Exposição individual de Mark Lammert (1960). A exposição apresentou várias pinturas de pequenas dimensões agrupadas em sete blocos e um conjunto de quatro desenhos de esferográfica e carvão sobre cadernos, que se inserem numa prática artística que Lammert tinha vindo a explorar desde 1983.
Solo exhibition on Mark Lammert (1960). The show featured small paintings assembled in seven notebooks as well as four journal drawings in ballpoint pen and charcoal, representing a technique which Lammert had been exploring since 1983.

Exposição de pintura de Mark Lammert (1960), organizada pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP) e inaugurada a 24 de fevereiro de 2005, com a presença do artista. A exposição esteve patente ao público entre 25 de fevereiro e 5 de maio, na Sala de Exposições Temporárias do CAMJAP.

No texto de apresentação da obra do artista, incluído no catálogo, Jorge Molder falou na dificuldade de encontrar meios para a definir, concluindo, no entanto, que o artista «pinta quadros onde parece querer surpreender a génese de formas pictóricas, aos quais se podem aplicar com segura adequação caracterizações saídas do vocabulário da biologia das géneses ou dos manuais militares sobre deflagrações explosivas» (Mark Lammert. Fragment d'Espace, 2005, p. 59).

Estas pinturas de pequenas dimensões foram expostas em conjuntos intitulados por Lammert como «blocos», zonas de contexto fundamentais para a atribuição de sentido e de valor aos objetos: «The results are not series or cycles, but blocks extending in all directions. The static single image, which is, is both invalidated by its immediate neighbours and validated by the wider context of the larger group, which in its turn provides the actual image, which is becoming.» (Lammert, Texto avulso, 2005, Arquivos Gulbenkian, ID: 176195)

Esta aglomeração das pequenas pinturas em blocos foi comparada por Elisabete França com a encenação da peça Michel Foucault. Choses Dites, Choses Vues, da responsabilidade de Lammert e que se encontrava em exibição na Culturgest ao mesmo tempo que esta exposição decorria (França, Diário de Notícias [online], 20 mai. 2005).

Também Jorge Silva Melo (encenador, ator e dramaturgo português) foi convidado a fazer uma leitura do trabalho de Mark Lammert. Nesta, Silva Melo comparou as suas obras a hematomas, explosões e nódoas negras, e referiu a grande materialidade da mancha de tinta, que quase se tornaria objeto de cerâmica se fosse possível soltá-la da tela (Mark Lammert. Fragment d’Espace, 2005, p. 7).

Além destas pinturas, foram expostos quatro trabalhos de grandes dimensões, constituídos por conjuntos de cadernos abertos, onde textos a esferográfica, com citações de Walter Benjamin, Max Müller e Michel Foucault, emparelhavam com desenhos a carvão, expressando no seu conjunto questões recorrentes relacionadas com a natureza e os limites da pintura. Ao ser copiado pelo artista, o texto torna-se imagem, assumindo uma nova função: «By copying them out I transmute then into images. The texts receive a form and, in as much as they now have to be seen, a new reason for being. The images relate to their originals in the way of facsimiles, which are also forms of depiction.» (Ibid.)

Este trabalho inseriu-se numa prática artística desenvolvida a partir de 1983 e que resultou na produção de cerca de 60 livros que funcionavam como diários não cronológicos do registo das atividades e conceitos que deram origem às obras finais. Os cadernos, que apresentavam ainda sinais de uso, como impressões digitais com tinta, reforçando assim o registo do quotidiano de Lammert como pintor, comportavam citações e excertos de outros livros, operados como forma de armazenamento da memória e permitindo o rastreio das várias fases do processo artístico. Além da escrita, a rotina intelectual era ainda registada através de desenhos, fotografias e colagens.

A utilização de diferentes materiais e modos de expressão foi para Lammert uma forma de o artista conseguir perceber o que existe na arte com o fim do modernismo: «What I have been trying to do for twenty-five years is to find out who or what that can still be after the end of modernism. To answer this self-addressed question I work technically in all genres of painting, graphics and drawing, but intentionally I am concerned with the problem of what these image-producing procedures are able to communicate today, now that even their justifiability has been called into question.» (Ibid.)

No âmbito da exposição, foi realizado um programa de visitas, guiadas por Alda Galsterer (à data mediadora cultural e hoje galerista e curadora luso-alemã), e um ateliê para crianças e famílias intitulado «Fra-g-men-tos, Pedaços e Migalhas», monitorizado por Ana Alvelos.

Carolina Gouveia Matias, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Mark Lammert. Fragment d'Espace]

mar 2005 – mai 2005
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Mark Lammert (atrás, à esq.), Emílio Rui Vilar (ao centro) e Jorge Molder (à dir.)
Nuno Vassallo e Silva (à esq.) e Emílio Rui Vilar (ao centro)
Jorge Molder (ao centro, à esq.) e Emílio Rui Vilar (ao centro, à dir.)
Mark Lammert (à dir.)
Emílio Rui Vilar (à esq.), Jorge Molder (ao centro) e Mark Lammert (à dir.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00540

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência externa e interna, folha de sala, lista de convidados, lista de obras, apólices de seguro, material para o catálogo, formulários de empréstimo, biografia e currículo do artista. 2004 – 2005

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 113632

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAMJAP, Lisboa) 2005

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 120021

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAMJAP, Lisboa) 2005


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