Carlos Wallenstein Teixeira

1926, Ponta Delgada, Açores, Portugal – 1990, Lisboa, Portugal

Ator; Encenador; Colaborador Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian (? – 1990)

1 Exposição

Ator de teatro, cinema e televisão, encenador de peças teatrais e de ópera, diretor de companhias, menos conhecida será porventura a sua atividade literária, tendo apenas publicado em vida o volume de contos Cinco Histórias sem Classificação Especial (1953) e as coletâneas de poesia Teoria da Tributação (1966) e Corpo Conflito (1983), apesar de ter mantido uma contínua atividade literária, colaborando em jornais e revistas, escrevendo textos para teatro (originais, adaptações, traduções e uma prolixa produção de teatro radiofónico), além de ensaios e textos de reflexão sobre a dinâmica das artes performativas ou as relações entre cultura e sociedade. Deste troço do seu caminho, diria mais tarde Pedro Tamen, evocando a longa relação profissional que mantiveram na Fundação Calouste Gulbenkian, que «aprendera a conhecer e a admirar alguém tão surpreendente na vida como na escrita... como no seu verbo poético se exprimia, a um nível de realização formal geralmente brilhante, um diálogo com o mundo cujas características originais igualmente, e noutro plano, transpareciam na sua vida quotidiana: um humor corrosivo e destruidor perante uma sociedade impossível de levar a sério, traduzido numa linguagem sacudida e transgressora...» (Pedro Tamen, prefácio ao vol. 1 das Obras Completas de Carlos Wallenstein, 1998).
Mas, como assinalaria igualmente Luiz Francisco Rebello, «limitar uma evocação de Carlos Wallenstein à sua atividade estritamente literária (na medida em que o teatro é também literatura) seria apresentar dele um retrato necessariamente incompleto; pior, mutilado. Mesmo essa actividade só ganha a sua verdadeira dimensão se for enquadrada na perspectiva de uma exuberante vocação de dinamização e comunicação cultural, afirmada desde os tempos de estudante liceal em Ponta Delgada e prosseguida sem interrupção com a sua passagem pelo teatro universitário (no TEUC, com Paulo Quintela) e experimental (no Estúdio do Salitre e no Pátio das Comédias, com António Pedro), depois em companhias profissionais, e por fim no setor de Teatro do Serviço de Belas-Artes da Fundação Gulbenkian, que proficiente e inteligentemente dirigiu» (Luiz Francisco Rebello, prefácio ao vol. 4 das Obras Completas de Carlos Wallenstein, 2000).
A sua relação com «a Fundação», como sempre se lhe referia, nasceu logo nos primórdios da materialização do projeto, no período de artesania de alguns dos seus elementos estruturantes, como a criação do Coro e Orquestra, Ballet Gulbenkian, organização e recrutamento das equipas técnicas e de produção, primeiras edições do Festival Gulbenkian de Música, entre tantos outros exemplos de uma ainda intermitente mas intensa e multifacetada colaboração, que o levaria também num longo roteiro de representação da Fundação junto de instituições conexas e projetos fora de Portugal, na Europa, África, Médio e Extremo Oriente, Brasil e restante América Latina.
Será um pouco mais tarde, perante os sucessivos confrontos com a (criminosa) intervenção dos «sete alfaiates da doutrina oficial e as suas sete tesouras da conveniência mental», tão certeiramente alvejados num dos poemas da Teoria da Tributação, que se apercebe da absoluta necessidade de mecanismos alternativos de apoio estrutural e material, bem como de abertura do país às diversidades da criação artística e literária, e que, com o incondicional, diplomático e firme apoio do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, irá continuamente prosseguir à frente do setor de teatro do Serviço de Belas-Artes, até à data da sua morte, em 1990.
Alguns momentos relevantes do seu percurso terão sido também o florescimento e sedimentação das companhias independentes no período a montante e a jusante da Revolução de Abril, só possíveis com o apoio da Fundação; a diversidade na divulgação de linguagens e estéticas de que são exemplos tão díspares a apresentação da companhia de Grotowski nas escadarias do átrio dos auditórios, o Festival de Teatro Popular nos jardins da Fundação, ou ainda o espetáculo-documentário Portugal, Anos 40 - Anos 80, prolongamento dramatúrgico da exposição organizada pela Fundação; a diversidade de encontros com relevantes personalidades do pensamento teatral contemporâneo, de que foi exemplo o ciclo «O Texto e o Acto»; ou as diversas colaborações na Colóquio/Letras... etc., etc.
Pedro Wallenstein, 26/02/2019


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