Leonor Nazaré fala da sua intervenção no projeto curatorial da exposição, mediante a integração de obras de arte contemporânea na seleção inicial da curadora Maria Rosa Figueiredo, que contemplava somente obras de arte antiga. Leonor Nazaré refere que a única condição prévia à sua proposta curatorial era que houvesse figura representada em espelho (nem que fosse a própria imagem do visitante). Das obras selecionadas, a curadora destaca os trabalhos de Stefan Brüggemann (Espelho «No», 2014), Waltercio Caldas (Eureka, 2001) e Michelangelo (Dois Rapazes na Fonte, 1962-1975). Este último (um espelho-porta) levanta questões transversais a toda a exposição: a reflexão da imagem no espelho e a reprodução da imagem pela fotografia; o duplo; a inversão e a simetria; a ilusão e as aparências; a identidade; a dimensão alegórica. A partir da identificação destes núcleos, somos levados a interrogar-nos sobre a ambivalência dos termos «refletir» (refletir imagem/refletir pensamento) e «profundidade» (profundidade de campo, ilusão de enganos criada pela museografia de Mariano Piçarra; mas também profundidade de pensamento, sobre o qual se reflete).

O depoimento é legendado em português.