O quadro Um Romano em Évora foi apresentado juntamente com Está Calor em Évora [ADP165] na exposição de regresso de António Dacosta, em 1983, na Galeria 111. Um ano mais tarde, Uma Romana em Évora (1984) [ADP187] foi apresentada na Galeria Zen. Estas três obras formaram um pequeno núcleo, considerado mais uma variação do que uma série, alusivo a Évora, onde a antiguidade, o clássico, a mitologia e a ruína se conjugam com a evocação do calor, o verão e a terra, sendo de destacar nestas obras o domínio de amarelos e ocres.
Em Um Romano em Évora, uma estátua à esquerda sobre um pequeno plinto, sem cabeça e sem antebraço, joga com a ideia de ruína e fragmento ao mesmo tempo que anula o rosto. Esta ausência de rosto, substituída por vazio, é algo diferente das figuras que Dacosta costumava realizar na época, constituindo uma silhueta de cor única. Esta pode ser lida como uma alusão à tradição romana das estátuas de idolatria imperial, como se sabe ter sido o Templo Romano de Évora, na qual era hábito trocar as cabeças das estátuas aquando da mudança de imperador, mantendo o vulto e alterando apenas o retrato identificador.
Dias, Fernando Rosa, António Dacosta. A Tentação Mítica. Açores: Secretaria Regional da Educação e Cultura; Direção Regional da Cultura; Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2016