Obras
Pintura
Surrealismo

Episódio com um Cão aka Um Cão e Outras Coisas

N.º Inv.: ADP17
Data: 1941
Materiais e técnicas: Óleo sobre tela
Medidas: 90 x 51 cm
Proveniência: Col. Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Lisboa
Inscrições: «A.Dacosta
41»
[frente, canto inferior esquerdo]

Esta pintura foi apresentada, juntamente com A Festa [ADP31], na 7ª Exposição de Arte Moderna do SPN em dezembro de 1942, com o título Episódio com um Cão. No ano seguinte, seria reproduzida com o título Um Cão e Outras Coisas, acompanhando o texto «António Dacosta. Pintor europeu das ilhas» de Vitorino Nemésio. Hoje é apresentada com os dois títulos. Pertenceu às coleções do Secretariado Nacional de Informação, do Ministério da Cultura (SEC), e presentemente integra a coleção do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado.

Os dois títulos focam o seu enunciado no «cão», destacando esta figura que é representada numa posição de dormência que contrasta com a ação e violência da cena de fundo, na qual dois esgrimistas se confrontam. Esta oposição pode ser lida como uma alusão à Segunda Guerra Mundial (algo comum na produção artística de Dacosta durante esta época), sendo a passividade do cão uma representação da «imagem da própria neutralidade de Portugal» (Dias, 2016, p. 112) perante um cenário de guerra, ao qual a batalha de fundo faz referência.

Exposições

Coletiva

7.ª Exposição de Arte Moderna no Estúdio SPN

1942 / Estúdio do S.P.N., Lisboa

Coletiva

15 Artistas Premiados pelo S.N.I. com o Prémio Sousa Cardoso

1960 / Museu Municipal de Amarante, Amarante

Coletiva

Arte Portuguesa 1550 – 1950

1965 / Museu Nacional de Belas-Artes, Rio de Janeiro

Coletiva
Itinerante

Portugese Kunst. Schilder – en Beeldhouwkunst van het Naturalisme tot op Heden / Art Portugais. Peinture et Sculpture du Naturalisme à nos Jours / Arte Portugués. Pintura y Escultura del Naturalismo a Nuestros Dias

1967 – 1968 / Itinerância Bélgica, França, Espanha

Coletiva

Algumas Obras de Pintura Contemporânea das Colecções da Secretaria de Estado da Informação e Turismo e da Fundação Calouste Gulbenkian

1971 / Sede da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

Coletiva

Alguns Caminhos da Pintura Portuguesa Contemporânea

1972 / Sociedade Democrática União Barreirense «Os Franceses», Barreiro

Coletiva
Itinerante

Arte Portuguesa Contemporânea. Brasília. São Paulo. Rio de Janeiro

1976 – 1977 / Itinerância Brasil

Coletiva

Portuguese Art Since 1910

1978 / Royal Academy of Arts – The Diploma Galleries

Coletiva

Programa e Elenco das Obras do Acervo do Museu Nacional de Arte Moderna ou Nele Integráveis

Coletiva

Os Portugueses e o Mundo. Exposição de Pintura de Arte Moderna

Coletiva

Pintura Portuguesa. Obras Destinadas ao Museu de Arte Moderna do Porto (Exp. I: 1910 – 1970)

1985 / Galeria Almada Negreiros, Lisboa

Coletiva

Le XXème Siècle au Portugal. Peinture, Sculpture, Dessin, Gravure, Tapisserie

1986 / Centre Albert Borschette, Bruxelas

Coletiva

Prémios AICA 81 – 85 SEC

1986 / Centro de Arte Moderna, Lisboa

Coletiva
Itinerante

70 – 80 Arte Portuguesa / 70 – 80 Art in Portugal

1987 / Itinerância Rio de Janeiro, Estados Unidos da América

Coletiva

Anos 40 a 60 na Pintura Portuguesa

1987 / Museu Luís de Camões, Macau, China

Coletiva

As Últimas Décadas

1987 / Museu Luís de Camões, Macau, China

Coletiva

Pintores Modernos Portugueses

1987 / Museu Estatal Pushkin de Belas-Artes, Moscovo, Rússia

Coletiva

De Amadeo aos Anos 60

1988 / Centro de Arte de S. João da Madeira, S. João da Madeira, Aveiro

Coletiva

Portugal Hoy. 30 Pintores

1989 / Centro Cultural del Conde Duque, Madrid

Coletiva

Tradición, Vangarda e Modernidade do Século XX Portugués

1993 / Auditório de Galicia, Santiago de Compostela

Coletiva

As Tentações de Bosch ou o Eterno Retorno

1994 / Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

Coletiva

O que há de Português na Arte Moderna Portuguesa

1998 / Palácio da Foz, Lisboa

Coletiva
Itinerante

Surrealismo em Portugal 1934 – 1952

2001 / Itinerância Espanha, Portugal

Coletiva

Figuração e Abstracção nas colecções do Museu do Chiado 1940 – 1960

2002 / Museu Francisco Tavares Proença Junior, Portalegre

Coletiva

Arte Moderna em Portugal. De Amadeo a Paula Rego

2009 / Museu Naccional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa

Coletiva

Um Percurso, Dois Sentidos. A Colecção do MNAC-MC, da Actualidade a 1850

2010 / Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa

Coletiva

Arte Portuguesa do Século XX 1910 – 1960

2011 / Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa

Coletiva

Arte Portuguesa 1850 – 1975. Coleção MNAC

2013 – 2015 / Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa

Individual

Dezassete Quadros de António Dacosta

1952 / Galeria de Março, Lisboa

Individual

António Dacosta

1969 / Galeria Buchholz, Lisboa

Individual
Itinerante

António Dacosta

1988 / Itinerância Portugal

Individual
Itinerante

António Dacosta 1914 – 2014

2014 – 2015 / Itinerância Portugal

Bibliografia

Ativa / Passiva / Entrevista e Depoimento / Periódico

Dacosta, António; Nóbrega, Tolentino de, António Dacosta. Do risco se faz arte. Diário de Notícias (Madeira), Supl. «Domingo», Funchal, 10 jan 1988, p. 1, 8, 9

Passiva / Volume geral

AA.VV, Arte Portuguesa da Pré-História ao Século XX. Vol. 19. Fubu Editores, 2009, pp. 12, 14-15, 26-29, 85-86

Passiva / Volume geral

AA.VV, Dicionário da Pintura Universal. Volume III. Pintura Portuguesa. Lisboa: Estúdios Cor, 1973

Passiva / Volume geral

AA.VV, História da Arte. Vol. 10. Lisboa: Publicações Alfa, 1979, pp. 296, 298-299, 302-306

Passiva / Volume geral

AA.VV, Panorama da Arte Portuguesa do Século XX. Porto: Fundação de Serralves, 1999, pp. 89, 121, 135-136, 139, 147, 159, 163, 168, 289, 300

Passiva / Volume geral

Almeida, Bernardo Pinto de, Pintura Portuguesa do Século XX. Porto: Lello Editores, 2002, pp. 93-94, 97, 111, 113, 119-122, 209, 215-218, 274, 287

Passiva / Volume geral

Castro, Laura; Silva, Raquel Henriques da, História da Arte Portuguesa. Época Contemporânea. Lisboa: Universidade Aberta, 1997, pp. 131-152, 176

Passiva / Volume geral

Delarge, Jean-Pierre, Dictionnaire des Artes Plastiques Modernes et Contemporains. Paris: Éditions Gründ, 2001, p. 302

Passiva / Volume geral

França, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX (1911 – 1961). Lisboa: Bertrand Editora, 1991, pp. 13, 206, 213, 285, 289, 319, 327, 335-336, 345-349, 379, 385-386, 388-389, 393, 398, 412-413, 422, 430, 481, 487

Passiva / Volume geral

Gonçalves, Rui Mário, 100 Pintores Portugueses do Século XX. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, pp. 84-90

Passiva / Volume geral

Gonçalves, Rui Mário, A Arte Portuguesa do Século XX. Lisboa: Temas e Debates; Autor, 1998, pp. 59, 61, 63, 71, 115, 123-125, 130, 152, 158

Passiva / Volume geral

Gonçalves, Rui Mário, Pintura e Escultura em Portugal. 1940 – 1980. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1980, pp. 12-14, 15-19, 21, 26, 53-54, 56, 60, 132, 134, 146, 150

Passiva / Volume geral

Paes, Sellés, Da Arte Moderna em Portugal. Elementos para a sua História. Lisboa: Edições Panorama, 1962, pp. 41-43, 46, 79, 101

Passiva / Volume geral

Sobral, Luís de Moura, Surréalisme périphérique. Montreal: Université de Montréal, 1984

Antologia Crítica

«De crime, ainda, e da consequente culpa, nos falará o quadro “Um Cão e Outras Coisas”. E, perante o drama de violência, a Natureza (o cão enrolado sobre si, dormindo ou cismando) conserva-se imóvel, indiferente, enquanto o Tempo flui, inexorável (a água que jorra da fonte), numa permanência de sentido… ou de absurdo.» (BRONZE, 1969, […]

Bronze, Francisco, Um surrealista em retrospectiva. Diário de Lisboa, Supl. «Suplemento Literário», Lisboa, 16 jan 1969, pp. 3-6

«No primeiro plano, um cão inerte, como se fosse de cerâmica, em cima de um pequeno plinto, desconhece o duelo que se passa longe, tal como Portugal, que nessa época parecia desconhecer as lutas no resto do mundo.» (Rui Mário Gonçalves in História de Arte em Portugal. Vol. 12, 1986, p. 170)

AA.VV, História da Arte em Portugal. Vol. 12. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, pp. 168-176

«Quadro muito esguio, quase um duplo quadro […] dá uma ênfase ao cão deitado, em oposição ao duelo longínquo. À direita deste quadro surge um “pássaro-peixe” com dentes, monstro que parece gritar para despertar ou ameaçar o cão.» (GONÇALVES, 1986, p. 86)

Gonçalves, Rui Mário, 100 Pintores Portugueses do Século XX. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, pp. 84-90

«Águas estagnadas, sombrias, esverdeadas, (uma imagem negativa do inconsciente) rodeiam o condutor dos mortos no além, no seu majestático pedestal de pedra, um cão de olhar humano, parado e melancólico, ele próprio parecendo esculpido em pedra, os volumes acentuados pela luz, que desenha as figuras e as suas sombras espectrais (Episódio com um Cão, 1941). […]

Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25

«Em Episódio com um cão, o espaço organiza-se em três patamares como três cenografias autónomas que se articulam entre si segundo os avatares comuns à imagética surrealista, jogando no insólito, na descontextualização e nas metamorfoses formais para sugerir a sub ou sobrealidade da história. Que o olhar do espectador se detenha no duelo de espadachins […]

Museu do Chiado. Arte Portuguesa. 1850 – 1950. Lisboa: Instituto Português de Museus; Museu do Chiado, 1994

«Um outro quadro de sua autoria, “Um cão e outras coisas” (1941), sintetiza o modo como, nessa época, a Guerra Mundial era mal apercebida em Portugal. É um quadro vertical, muito esguio, o que obriga o espectador a deslocar o olhar de cima para baixo e vice-versa. Nesta movimentação, o espectador distingue duas cenas: ao […]

AA.VV, Panorama da Arte Portuguesa do Século XX. Porto: Fundação de Serralves, 1999, pp. 89, 121, 135-136, 139, 147, 159, 163, 168, 289, 300

«Uma evidente inspiração na pintura metafísica, pelos seus espaços e pelo clima de angústia – de antítese da calma – a que se alia intenso dramatismo, a par de um ambiente de desolação e de abandono, de melancolia e de angustiante solidão, definem os vectores essenciais em que se constrói a sua produção dessa década. […]

Almeida, Bernardo Pinto de, Pintura Portuguesa do Século XX. Porto: Lello Editores, 2002, pp. 93-94, 97, 111, 113, 119-122, 209, 215-218, 274, 287

«A reordenação insólita do imaginário atinge nesta obra uma evidente atmosfera surrealizante. Dacosta coloca em surdo diálogo três momentos narrativos autónomos (divididos igualmente em três espaços cromáticos), que inviabilizam desde logo uma leitura directa e objectiva sobre o seu significado. A surrealidade silenciosa ou o absurdo aparente do conjunto insinuam ainda uma crítica velada à […]

Santos, David, Figuração e Abstracção nas colecções do Museu do Chiado. 1940 – 1960. Castelo Branco: IPM/MFTPJ, 2002

«[…] o pintor resolve a concepção espacial através de três registos cromáticos. Ao centro, sobre uma plataforma donde jorra água para a terra infértil, um cão, de corpo geometrizado (em esferóides), aparece serenamente deitado de olhos abertos e, ao seu lado esquerdo, sobre um objecto, um peixe, de boca aberta e denteada, emprestado do imaginário […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«O corpo do cão, imponente ao centro com uma estranha textura de porcelana, apresenta uma deformada anatomia constituída por três esferas ritmadas num friso horizontal, envolvendo a cabeça do animal num fechamento do corpo sobre si. O espaço abre-se para cá e para lá deste centro, numa profundidade de estrutura tripla. Em movimento contrário, a […]

Dias, Fernando Rosa, António Dacosta. A Tentação Mítica. Açores: Secretaria Regional da Educação e Cultura; Direção Regional da Cultura; Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2016

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