«O quadro “Melancolia” mostra de um lado uma casa destas, num espaço naturalista; do outro, um espaço de Chirico, com torres artificiais e cor-de-rosa; No primeiro plano, a secção do muro que divide aqueles espaços exibe uma tomada de corrente eléctrica; e no chão, um gato deitado. Porquê ter fixado neste primeiro plano este contraste […]

Gonçalves, Rui Mário, António Dacosta. A Capital, Supl. «Literatura & Arte», Lisboa, 15 jan 1969, p. 8

«Precisamente no centro deste quadro, no 2.º plano, é representado um pequeno teatro de fantoches, em que surgem, certamente como personagens de um drama que se processa neles e através deles, um homem e uma mulher ainda jovens. Algumas cenas desse drama desenrolam-se sob os seus próprios olhos, e vemos bem como as suas expressões […]

Bronze, Francisco, Um surrealista em retrospectiva. Diário de Lisboa, Supl. «Suplemento Literário», Lisboa, 16 jan 1969, pp. 3-6

«[…] Serenata Açoreana (1940), de António Dacosta, onde o Surrealismo e o Expressionismo se conjugam com uma visão que assume os complexos da infância e recorda os lugares que nela se viveu.» (Rui Mário Gonçalves in História da Arte, 1979, p. 299)

AA.VV, História da Arte. Vol. 10. Lisboa: Publicações Alfa, 1979, pp. 296, 298-299, 302-306

«Desde 1939, em quadros tão dramáticos como Diálogo ou Antítese da calma, surgem, no meio da movimentação das outras figuras, mulheres que erguem a cabeça. Ao longo do tempo, cada vez mais acentuam esse olhar para outro espaço. Serenata açoreana é, sob este aspecto, bastante curioso. No fundo, uma mulher olha para o alto, parecendo […]

Gonçalves, Rui Mário, Interrogação do destino na obra de António Dacosta. Colóquio Artes, n.º 49, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, jun 1981, pp. 7-17

«Em Cena aberta, o mais-além não é apenas procurado pela mulher, mas por uma criança. A rapariguita tem um pássaro pesando na cabeça. Um pássaro é já adorno na cabeça da mulher dentro da caixa. Na criança é a aflição que leva ao esgar; nos outros, o olhar torna-se mais interiorizado. O grande monstro, todavia […]

Gonçalves, Rui Mário, Interrogação do destino na obra de António Dacosta. Colóquio Artes, n.º 49, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, jun 1981, pp. 7-17

«Em Diálogo, os animais livres opõem-se à mulher calma que segura uma gaiola com um pássaro preso. Repare-se no grande S deitado que se desenha desde a cabeça do cão da esquerda, pescoço e pata dianteira do cão da direita, encurva-se com o dorso e conclui na pata traseira, à direita. Ambiguamente, por baixo do […]

Gonçalves, Rui Mário, Interrogação do destino na obra de António Dacosta. Colóquio Artes, n.º 49, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, jun 1981, pp. 7-17

«- Triângulos, chamados justamente “Memórias”, pois são variações sobre o obelisco existente em Angra do Heroísmo, cidade da infância do pintor e que constituem a única série aparentemente abstracta da exposição; – Ilha, ou ilhas, pedra flutuante num espaço, recorte, colagem, mancha, memória deliberada? Não parece! Antes acontecimento, re/conhecimento, primeiro da mão e depois do […]

AA.VV, Um menino de olhar sábio. Expresso (Revista), Lisboa, 25 jun 1983, p. 35R

«As ilhas levam sempre a outras ilhas. E as ilhas de Dacosta trazem-me as ilhas de uma fotografia de Timothy O’Sullivan (Pyramid Lake, Nevada, 1868). Importará pouco esta mecânica de aproximação, mas em ambos as ilhas levam ao estabelecer de uma relação entre as coisas e o sujeito; levam a uma direcção para; partem, em […]

Jorge, João Miguel Fernandes, Sentir o olhar. António Dacosta. Galeria 111. Lisboa, junho – julho 1983. A Capital, Lisboa, 29 jun 1983, p. 25

«Crescem pela diferença das significações – a série Fonte de Sintra, Era o vinho, Pós de perlimpimpim ou A mulher e o folião –, impõem o desdobramento dos nomes do sujeito e obrigam a percorrer o próprio inverso, caminho que separa a palavra do seu desígnio. A figura faz apelo a um esquema de pensamento […]

Jorge, João Miguel Fernandes, Sentir o olhar. António Dacosta. Galeria 111. Lisboa, junho – julho 1983. A Capital, Lisboa, 29 jun 1983, p. 25

«”Duas sereias ao sol na praia” (1982), além de ser parecido, nas serenas figuras abraçadas, com o dramático guache de 1942-43 “Duas mulheres abraçadas”, é um acrílico sobre tela de grandes dimensões […], onde se evidenciam os impressionísticos contrastes de complementares roxo-amarelo, azul-laranja, verde-rosa, além de certo revivalismo pós-simbolista. O mesmo se diria de “Está […]

Gonçalves, Rui Mário, O reaparecimento de António Dacosta, pintor. Jornal de Letras, Artes e Ideias, n.º 61, Lisboa, 1983, p. 6, 7

«Nas águas do rio, sob as Impressões sensíveis, as três figuras pintadas descobrem uma estrutura que é a identidade particular de um objecto percebido. Orientam-se, essas três criaturas, pelo lado do seu contrário, determinam na superfície do rio o corpo da própria negação e sabem, ao fazê-lo, como todo o jogo pictural que as prende […]

Jorge, João Miguel Fernandes, Sentir o olhar. António Dacosta. Galeria 111. Lisboa, junho – julho 1983. A Capital, Lisboa, 29 jun 1983, p. 25

«O Retrato de Nemésio, elaborado com meios parcimoniosos de quem não trazia nada consigo para PINTAR, em grande ou em pequeno nos Açores. Assisti ao apôr, no termo do Retrato, como remate, aquelas duas letras em traço geometricamente definitivo – V. N. A flagrância de um retrato como esse, incomum pela técnica, não careceria de […]

Afonso, João, António Dacosta. Voltar às ilhas em breve. A União, Supl. «Quarto Crescente», Angra do Heroísmo, 15 jul 1983, p. 4

«Queria este pato é a expressão corporal e visível da força que pode habitar uma ordem escondida. Visível e invisível, escondem uma intransigente criação que não se limita a um observar sensível, pois ela é uma interpretação que pretende estabelecer um intencional que ultrapasse todos os sistemas conhecidos. Esta “intenção” é a primeira referência da […]

Jorge, João Miguel Fernandes, Sentir o olhar. António Dacosta. Galeria 111. Lisboa, junho – julho 1983. A Capital, Lisboa, 29 jun 1983, p. 25

«”A imagem perdida”, também um dos aparentemente mais naturalistas, quase porém sem vazios, chega a construir-se, no primeiro plano, à direita, o volume cúbico duma mesa, sobre a qual se evidencia outro volume, em contrastante claro-escuro, dum limão. Terna cena de maternidade, tudo nela é afago, tudo é contacto entre o corpo da mãe e […]

Gonçalves, Rui Mário, António Dacosta, hoje. Jornal de Letras, Artes e Ideias, n.º 106, Lisboa, jul 1984, p. 9

«”As opiniões do mestre ferreiro” é, para mim, um quadro que representa Vulcano e Vénus, ainda que eu saiba que um avô de Dacosta era ferreiro. A expressão “opiniões do mestre” significa a voz da autoridade; significa a voz do marido que pode surgir e apanhar em flagrante delito a mulher sensual (Repare-se que ele […]

Gonçalves, Rui Mário, António Dacosta, hoje. Jornal de Letras, Artes e Ideias, n.º 106, Lisboa, jul 1984, p. 9

«”As opiniões do mestre ferreiro” (1984) é, para mim, um quadro que representa Vulcano e Vénus, ainda que eu saiba que um avô de Dacosta era ferreiro. A expressão “opiniões do mestre” significa a voz da autoridade; significa a voz do marido que pode surgir e apanhar em flagrante delito a mulher sensual (repare-se que […]

Gonçalves, Rui Mário, António Dacosta. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1984