«Tout jeune est le António Dacosta qui épie, en bas à gauche, dans un trou de souffleur de théâtre qui a des ressamblances évidentes avec celui de “Cena Aberta” ; il a 26 ans et observe le désarroi du monde qu’il a nommé “Antítese da Calma” (1940). Dans ce théâtre de l’inquiétude nous sommes devant […]

António Dacosta. Scène Ouverte. Paris: Centre Culturel Calouste Gulbenkian, 2007

«[…] o pintor resolve a concepção espacial através de três registos cromáticos. Ao centro, sobre uma plataforma donde jorra água para a terra infértil, um cão, de corpo geometrizado (em esferóides), aparece serenamente deitado de olhos abertos e, ao seu lado esquerdo, sobre um objecto, um peixe, de boca aberta e denteada, emprestado do imaginário […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«A obra em análise reflecte essa desorientação ou ausência de rumo. As suas formas fragmentadas e geométricas respondem a um efeito híbrido, a um cruzamento estéril entre o cubismo e a abstracção. Falta a ênfase no seu mundo interior, de inquietações e visões privadas que, por volta de 1975, dará lugar a imagens reveladoras de […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«Neste desenho, o artista representa um jovem sentado, de feições rudes e postura animalesca, sobre ou ao lado de cervídeos. Há uma certa sensação de primitivismo nesta composição, alcançada quer pela escolha e representação do tema – o jovem que aparece alheado da civilização, imerso num mundo selvagem e ainda não corrompido – quer pelo […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«[…] Bicho no chão é uma obra singular, quase abstracta e fugidia. Se a serpente, que é o único motivo da tela, possui uma conotação mitológica próxima da sua procura presente nas outras peças do mesmo período, a luminosidade do chão, a abstracção da superfície da tela e a ténue réplica do réptil que ocupa […]

Sardo, Delfim, Obras-Primas da Arte Portuguesa. Século XX. Artes Visuais. Lisboa: Athena, 2011, pp. 26-27

«Em Antítese da calma existe, de uma forma quase ostensiva, uma referência a Picasso, especificamente à Guernica, na torção do corpo da mulher, bem como no touro, embora este último, na decoração da crina, possa também ecoar as festas do Espírito Santo da Terceira […].» (SARDO, 2011, p. 26)

Sardo, Delfim, Obras-Primas da Arte Portuguesa. Século XX. Artes Visuais. Lisboa: Athena, 2011, pp. 26-27

«Apache insere-se na primeira fase estilística do autor, cujo estilo figurativo de carácter onírico é orientado por duas linhas: uma de lirismo melancólico de apego às memórias de insularidade; outra em que prevalecem as temáticas de encenação dramática e violenta. A obra apresentada sob o título Apache ilustra o vulto de um saltimbanco a esquivar-se […]

Arte Portuguesa no Museu Carlos Machado. 1840 – 2010. Ponta Delgada: Presidência do Governo dos Açores; Direção Regional da Cultura; Museu Carlos Machado, 2012

«Ecoa na obra uma postura autoral emancipadora dos dogmatismos cristãos, neste caso específico, o conceito da redenção, imprescindível para alcançar a vida para além da morte, observada nos dois polos que definem a obra: de um lado, o do cristianismo, afigurado no Ecce Homo e, do outro, o do ateísmo, presentificado no esgar dos primatas […]

Arte Portuguesa no Museu Carlos Machado. 1840 – 2010. Ponta Delgada: Presidência do Governo dos Açores; Direção Regional da Cultura; Museu Carlos Machado, 2012

«[…] é em Antítese da Calma (1940) onde a influência de Pablo Picasso (1881-1973) se torna mais notória, se bem que prevaleçam os parâmetros surrealistas. A inclusão de um touro – já ensaiada em Quermesse Espanhola (c. 1939) -, com as patas traseiras apoiadas no mar, como se em terra a existência fosse insuportável, evoca […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«[…] em Serenata Açoriana (1940) o tema escolhido não é de redenção mas sim de culpabilidade e punição. António Dacosta apresenta-nos Adão e Eva, expulsos do Jardim do Éden. Em primeiro plano, em posição reclinada, uma Eva andrógina de cor encarniçada, quase do mesmo tom da maçã que sustém na mão, acorrentada no pescoço, aprisionada […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«[…] o pintor sugere-nos, no lado esquerdo, um Ecce Homo […]. No lado direito, sobre um fundo rosáceo, destaca-se um macaco em primeiro plano e, ao fundo, apenas se entrevê um aglomerado de pequenos seres dispostos em roda. […] O dramatismo do tema, reforçado pelos tons púrpura usados nas figuras […], suscita sentimentos como arrependimento, […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«A efemeridade da vida e a passagem do tempo são preocupações que ocupam Dacosta, sobretudo na recta final. Essas questões transparecem em diversas obras, como nesta tela, onde se denota uma pintura cada vez mais etérea, podendo apenas entrever-se uma figura fantasmagórica e um pequeno cálice no lado superior direito, quiçá símbolo de uma demanda […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«A Festa evoca, portanto, o imaginário ritualista da Festa do Espírito Santo da ilha Terceira: as corridas de touros e as puxadas do animal à corda, as decorações florais, as procissões. […] há neste quadro um lirismo terno, vigorado pela paleta clara, suave, e pelas figuras harmoniosamente representadas. A composição organiza-se num esquema triangular, sugerido […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«A imagem da maternidade, aqui constituída por uma jovem mãe no acto de amamentar o seu filho, foi muito apreciada por pintores como Maurice Denis e Pablo Picasso. A cena oferece uma visão intimista e simbólica de um tema habitual na pintura devocional: a Virgem com o Menino. A disposição das figuras invoca a iconografia […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«A influência de Picasso em António Dacosta é também notória nesta obra de linguagem cubista ou neocubista, onde a linha curva e as cores modelam as formas geometrizadas das duas figuras femininas e dos seus rostos, deformados, a modo de máscaras, sendo possível a fácil identificação dos elementos que compõem a cena.» (SARAIVA, 2014, p. […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

«A pintura metafísica de Giorgio de Chirico, de sombras projectadas, tempo suspenso, perspectivas impossíveis e contextos incompreensíveis, é aqui uma referência obrigatória, pelo menos no espaço à esquerda. Um gato em primeiro plano e, à distância, muralhas ameadas de um castelo ou de uma urbe e uma figura feminina. O muro que desliga a paisagem […]

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96