Há na pintura de Dacosta um clima doméstico

«Há na pintura de Dacosta um clima doméstico que não se quer perturbado. Uma intimidade à qual se vai prender não só os sonhos ou os objectos como o objecto maior (e igualmente amado) que é o espaço geográfico, tal como sucede nas séries “Em Louvor de” e “Açoriana” e como tem lugar em “O Cálice – Arte Pura”. Os objectos pintados (toda a harmonia figurativa enunciada partilha do espaço sagrado) partilham de uma (pura) religiosidade que, de resto, Dacosta nos vai colocar sob o clima do paganismo e, por identificação plena, com o olhar o mundo. […]

Há nesta pintura uma relação com crenças que se desenvolvem circularmente a um imaginário referido ao indivíduo, ao núcleo familiar – e por família entendem-se os sentimentos, as circunstâncias onde se movem os objectos escolhidos, os objectos vividos, as pessoas próximas, a doença, a morte, os traços de amor, de ódio, de cólera, de rancor ou sempre a múltipla e crescente simpatia -, e por último ao espaço geográfico.

[…] “O Cálice – Arte Pura” é o portador desse sacrifício que é, ao mesmo tempo, verdade, convocação e luz condutora de um ritual purificador.»

(JORGE, 1988, p. 29)


Bibliografia


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