Águas estagnadas, sombrias, esverdeadas

«Águas estagnadas, sombrias, esverdeadas, (uma imagem negativa do inconsciente) rodeiam o condutor dos mortos no além, no seu majestático pedestal de pedra, um cão de olhar humano, parado e melancólico, ele próprio parecendo esculpido em pedra, os volumes acentuados pela luz, que desenha as figuras e as suas sombras espectrais (Episódio com um Cão, 1941). Cenário para uma luta de morte, para um duelo sangrento, contrastando pelo movimento e dramatismo com a calma aparente e estagnada da paisagem. Luta sem tréguas, repetindo-se eternamente num cenário de ausências e terrores, que o peixe, ícone monstruoso em primeiro plano acentua. Luta entre a morte e a vida, evocando conflitos reais, a guerra? Entre a luz e as trevas ou entre as trevas e outras trevas mais densas do que as trevas desconhecidas? Combate sem espectadores, no espaço da tela, sem resposta, de que somos sem dúvida, nós, os actores e os espectadores.»

(FERNANDES, 1988, p. 24)

 


Bibliografia


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