Mais de três décadas passadas desde a primeira edição, o Jazz em Agosto mantém-se uma referência no panorama do jazz em Portugal, com cartazes criteriosos, tão arriscados quanto abrangentes, que têm consolidado a sua identidade ao longo do tempo. Aos habituais concertos, serão 14 no total, o festival junta este ano um vasto e ambicioso programa, que inclui exibição de filmes documentais, conversas e conferências sobre música ou ainda a apresentação de um livro.

O início desta verdadeira maratona jazzística é dado já esta quinta, 4, à noite, no Anfiteatro ao Ar Livre, onde o guitarrista americano Marc Ribot, que já aqui havia atuado há dois anos, apresenta o novo projeto The Young Philadelphians, num concerto criado exclusivo para esta ocasião, em parceria com o grupo português Lisbon String Trio. Sexta, 5, o mesmo músico apresenta-se a solo, desta vez na Sala Polivalente do Centro de Arte Moderna, para acompanhar com a sua guitarra a exibição de Shadows Choose Their Horrors, um filme de Jennifer Reeves inspirado nos clássicos de terror do cinema mudo. Também neste dia, mas no anfiteatro, atua ainda o quinteto americano Tim Berne Snakeoil, liderado pelo saxofonista Tim Berne.

A noite de sábado, 6, marca o regresso do aclamado trompetista americano Peter Evans, visita habitual do festival nas mais variadas formações e que desta vez se apresenta com o trio Pulverize the Sound, enquanto no domingo, 7, sobe ao palco a White Desert Orchestra, um coletivo liderado pela pianista francês Eve Risser, considerada uma das maiores compositoras do atual jazz europeu. Na segunda, 8, apresentam-se os Tetterapadequ, um projeto dos italianos Daniele Martini (saxofone) e Giovanni di Domenico (piano) e dos portugueses Gonçalo Almeida (contrabaixo) e João Lobo (bateria); e na terça, 9, o quarteto francês Petite Moutarde, que vai tocar por cima de excertos de filmes dos realizadores René Clair, Marcel Duchamp e Man Ray.

Na quarta, 10, o jazz nacional volta a estar em destaque, com o concerto conjunto do tubista português Sérgio Carolino e do tubista suíço Oren Marshall, habitual colaborador de gente tão diferente como Bobby McFerrin, Radiohead ou Charlie Haden). O festival continua depois até dia 14, com a presença de nomes como Ava Mendoza Unnatural Ways, Z-Country Paradise, Paal NilssenLove, Thomas De Pourquery Supersonic, Frank Gratkowski e Paal Nilssen-Love Large Unit.

O jazz estará também fora do palco, com a exibição de três documentários da editora francesa RogueArt e em duas conversas entre o saxofonista Evan Parker e o musicólogo David Toop, que terão como tema as músicas tradicionais em vias de extinção e a nova música improvisada. Será ainda apresentado o livro The Sound of the North, do jornalista italiano Luca Vitali, sobre os últimos 50 anos da cena jazz escandinava.

M.J.

Visão – 04 Agosto 2016