O Jazz em Agosto é de luxo nos 60 anos da Gulbenkian

04 ago 2016

Marc Ribot, Chris Cociirane, Tini Berne e Paal Nilssen-Love são os nomes maiores da 33.a edição do festival, que começa na quinta-feira, 4, e termina 10 dias depois.
Só eles já garantiam cartaz de luxo, mas ainda há reforços – de Alexandra Grimal a Ava Mendoza, de Peter Evans a Frank Gratkowski – e nada de nostalgias.

Tem big bands guitarras e trompetes, compositores e solistas, ritmos que levam frases melódicas em braços, harmonias e disrupções, dissonâncias e Improvisos, estrelas planetárias e ate um filme com banda sonora tocada ao vivo.

O que o cartaz do Jazz em Agosto de 2016 não tem é nostalgias: a contemporaneidade (feita de arrojo e experimentação) domina o programa, delineado como sempre por Rui Neves, que dirige o festival desde 1985, sempre correndo riscos e dispensando os caminhos fáceis, mas que só desta vez cortou em definitivo com o passado “arrumado e limpinho” do swing, smooth e dixieland.

É um cartaz reforçado. Pois, o da 33a edição do festival, o que se deve ao facto de coincidir com os 60 anos de actividade da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Entre os 20 eventos que preenchem o cartaz, há 11 concertos no Anfiteatro ao Ar Livre, três actuações a solo na Sala Polivalente da Colecção Moderna (ex-CAM), três filmes documentais, duas conferências e a apresentação de um livro.

Diversidade é a palavra de ordem, portanto – e há destaques evidentes. Para começar, as big bands: a White Desert Orchestra, da pianista e compositora francesa Eve Risser, que é tudo menos convencional e aposta na repetição rítmica, e a Large Unit, do baterista norueguês Paal NIIssen-Love, mestre da improvisação, que terá também o seu momento a solo, no fim de tarde de 13 de Agosto, em que será também apresentado o livro Sound of the North – Norway and the European lazz Scene, com a presença do autor, o jornalista italiano Luca Vitali.

Há também projectos de relevo com sangue português o Tuba and Drums Double Duo, que junta Sérgio Carolino, Oren Marshall, Mário Costa e Alexandre Frazão, os Tetterapadequ, com Gonçalo Almeida e João Lobo ao lado dos italianos Daniele Martini e Giovanni dl Domenico, e o Lisbon String Trio – mas os momentos mais excitantes vêm de fora.

Logo a abrir apresenta-se o guitarrista Marc Ribot, que nos habituámos a ouvir com John Zorn, na liderança dos Young Philadelphians, o seu projecto em que convoca uma segunda guitarra. a de Chris Cochrane (lenda da cena downtown de Nova Iorque, que tocou com Tim Hodgkinson, Mike Patton e Thurston Moore.

No dia seguinte, Ribot toca a sós, acompanhando o filme Shadows Choose Their Horrors, de Jennifer Reeves, horas antes de entrar em palco o saxofonista Tim Berne, à frente dos seus Snakeoil.

Evan Parker e David Toop vão estar à conversa, a debater músicas extintas e ameaçadas.
antes de actuar o trio radical do supertrompetista Peter Evans. Pulverize the Sound.

 
Nota ainda para a estrela do novo projecto do violinista Théo Ceccaldi. Petite Moutarde – que integra a genial saxofonista Alexandra Grimal e acompanha a sua música com a projecção de excertos de filmes de René Clair, Marcel Duchamp e Man Ray – e para o power trio Unnatural Ways, liderado pela guitarra Ava Mendoza, que conjuga músicas urbanas diversas, criando um som demolidor, vizinho de um rock sem regras.

Rita Bertrand

Sábado – 04 Agosto 2016

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.