Jazz em Agosto: Entre a guitarra de Marc Ribot e a bateria de Paal Nilssen-Love

De 4 a 14 de Agosto a Fundação Calouste Gulbenkian apresenta um programa “amplo e diverso”
13 abr 2016

Apresentar figuras criativas e relevantes do jazz actual da América do Norte e da Europa tem sido uma das motivações da programação do festival Jazz em Agosto e na edição de 2016 não será diferente.

Foi o director artístico do festival, Rui Neves, quem o disse, ontem, na conferência de apresentação da 33.ª edição do evento que se realiza de 4 a 14 de Agosto na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com 11 concertos no Anfiteatro ao Ar Livre, três concertos solo, três filmes documentais, duas conversas sobre música na sala polivalente e a apresentação de um livro. Um “programa amplo e diverso”, como também foram sublinhados pela directora executiva da Gulbenkian, Teresa Gouveia, no ano em que a instituição faz 60 anos.

O jazz americano estará representado por cinco projectos, com destaque para o regresso do guitarrista Marc Ribot em dois momentos, na companhia do quarteto The Young Philadelphians e do trio de cordas local, Lisbon String Trio, para o concerto inédito de abertura do festival, e depois numa sessão a solo com música para o filme Shadows Choose Their Horrors de Jennifer Reeves.

Também dos Estados Unidos virá a nova formação em quinteto do projecto Snakeoil do saxofonista Tim Jazz em Agosto entre a guitarra de Marc Ribot e a bateria de Paal Nilssen-Love Berne e, segundo Rui Neves, “dois trios radicais”: os Pulverize Sound com o trompete de Peter Evans em evidência e uma atitude exploratória independentemente das reminiscências dos géneros abordados, e os Unnatural Ways da guitarrista Ava Mendoza, numa viagem intensa com paragens pelo blues, punk, psicadelismo e, claro, jazz.

De França virão três formações. A pianista Eve Risser apresenta-se com a White Desert Orchestra, uma das várias formações com que tem afirmado a sua marca de compositora e líder do solo à orquestra, enquanto o violinista e violista Théo Ceccaldi encabeça o quarteto Petite Moutarde, que acompanhará no festival filmes do surrealismo dos anos 1920 (Man Ray, Duchamp ou René Clair). Por sua vez, o saxofonista Thomas de Pourquery liderará o sexteto Supersonic, que homenageia a música do já falecido Sun Ra.

Com a voz singular de Jelena Kuljic, o multinacional Z-Country Paradise do saxofonista Frank Gratkowski é um colectivo com inclinação para o rock, que combinará o vigor sonoro e a poesia de Rimbaud ou Simic. Também da Europa, mais exactamente da Noruega, chegará a bateria de Paal Nilssen-Love e o seu Large Unit, uma formação que integra “alguns dos mais promissores talentos do jazz escandinavo”, naquele que será o concerto de encerramento. Aliás, durante o festival será feito o lançamento do livro The Sound of the North do jornalista italiano Luca Vitali, naquela que é uma reflexão sobre a cena do jazz escandinavo.

Em estreia, em representação de Portugal, uma associação inédita entre o tubista Sérgio Carolino e os bateristas Mário Costa e Alexandre Frazão, sob a denominação Tuba and Drums Double Duo, e o quarteto italo-português de música livre, Tetterepadequ, com o baterista João Lobo e o contrabaixista Gonçalo Almeida.

Na Sala Polivalente oportunidade ainda para se poder assistir a vários acontecimentos de entrada livre, como os concertos a solo do saxofonista Frank Gratkowski e do virtuoso da bateria Paal NilssenLove, o visionamento de filmes documentais do catálogo Rogueart e uma conversa entre o saxofonista Evan Parker e o ensaísta e professor britânico David Toop, à volta das músicas tradicionais do planeta que se vão perdendo ou o turbilhão da nova música improvisada surgida nos anos 1960.

 

Vítor Belanciano

Público, 13 Abril 2016

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