Jazz em Agosto – O cinema junta-se à música este verão

33.a edição do festival terá 20 eventos ao longo de 11 dias - Europa, EUA e Portugal representados num amplo programa
13 abr 2016

Este ano, o Jazz em Agosto não só assinala a sua 33.° edição como se junta às comemorações do 60.° aniversário da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com uma programação ainda mais ambiciosa e extensa, indo além dos concertos no Anfiteatro ao Ar Livre, com atuações, exibição de filmes documentais, conversas e a apresentação de um livro na Sala Polivalente da Gulbenkian. De 4 a 14 de agosto.

Ontem, em conferência de imprensa, o diretor artístico do festival, Rui Neves, salientou como este ano o Jazz em Agosto conta com “um programa amplo e diversificado, cumprindo a dicotomia de figuras relevantes e criativas da Europa e da América do Norte, o que tem caracterizado o festival”.

Da Europa, mais precisamente de França, marcarão presença neste Jazz em Agosto três formações “do novo jazz francês”, como referiu Rui Neves. Elas serão a White Desert Orchestra do pianista Eve Risser; o projeto Petite Moutarde, do violinista e violista Théo Ceccaldi, que no Jazz em Agosto acompanhará uma série de filmes do surrealismo dos anos 1920, realizados por René Clair, Marcel Duchamp e Man Ray; e ainda o sexteto Supersonic, do saxofonista Thomas de Pourquery, criado para homenageara música cósmica de Sun Ra.

As pontes do Jazz em Agosto com o seu passado mantêm-se este ano, daí que esta 33.° edição seja inaugurada a 4 de agosto com o guitarrista norte-americano Marc Ribot, que em 2014 pisou o mesmo palco do Anfiteatro ao Ar Livre. Desta vez o músico regressa com o projeto The Young Philadelphians, numa parceria inédita com a formação portuguesa Lisbon String Trio, num concerto criado propositadamente para o festival.

Marc Ribot dará ainda um concerto a solo na Sala Polivalente da Gulbenkian, a 5 de agosto. No concerto, Ribot acompanhará as imagens do filme Shadows Choose Their Horrors, de Jennifer Reeves, um filme inspirado pelos clássicos de terror do cinema mudo.

Cinema presente

Aliás, este ano o cinema está particularmente presente na programação do Jazz em Agosto. Além dos concertos dos Petite Moutarde e de Marc Ribot, durante o festival serão ainda exibidos na Sala Polivalente três documentários do catálogo da RogueArt, editora francesa convidada deste ano. Os filmes serão: Off the Road, de Laurence Petit-Jouvet, que segue o contrabaixista alemão Peter Kowald na sua digressão norte-americana de 2000; Chicago Improvisations, da mesma realizadora, voltando a focar-se na figura e na música de Kowald; e Electric Ascension live at Guelph Jazz Festival 2012, de John Rogers, que mostra o concerto em que o Rova Saxophone Quartet interpretou os seus arranjos de Ascension, uma das maiores obras de John Coltrane e da história do jazi.

Paralelamente aos concertos, é ainda de salientar a realização de duas conversas entre o saxofonista Evan Parker e o musicólogo David Toop, integradas na série Sharpen Your Needles, que ocorreram pela primeira vez no Cafe Oto, em Londres, centradas em músicas tradicionais que se vão perdendo e a nova música improvisada.

O festival acolhe ainda a apresentação do livro The Sound of the North, do jornalista italiano Luca Vitali, no qual investiga e documenta os últimos 50 anos da cena jazz escandinava, com foco na Noruega.

Concertos a solo e “trios radicais”

É precisamente natural da Noruega um dos músicos mais importantes desta 33.° edição do Jazz em Agosto: o baterista Paal Nilssen-Love. Ficará a seu cargo o concerto de encerramento, a 14 de agosto, com o Large Unit, uma formação de 15 músicos, entre os quais podemos encontrar, segundo Rui Neves, “alguns dos mais promissores talentos do jazz escandinavo”. Um dia antes o baterista, que tem no seu currículo parcerias com Ken Vandermark, Peter Brötzmann ou Mats Gustafsson, mostrará todo o seu virtuosismo num concerto a solo na Sala Polivalente. Esta mesma sala acolherá um outro solo, do alemão Frank Gratkowski, que nos últimos anos se tem dedicado, em concerto, ao processamento eletrónico do saxofone.

O diretor artístico do Jazz em Agosto salientou ainda a presença este ano de “dois trios radicais”, ambos vindos dos EUA: os Pulverize the Sound, em que se destaca o muito celebrado trompetista Peter Evans, um grupo sem líder que é apenas guiado pelo ímpeto exploratório dos géneros musicais mais díspares; e os Unnatural Ways de Ava Mendoza, que do jazz partem para o punk, psicadelismo e blues.

Portugal estará representado com a estreia do projeto Tuba and Drums Double Duo (que junta Sérgio Carolino, Mário Costa e Alexandre Frazão ao britânico Oren Marshall) e com os Tetterapadequ (formação italo-portuguesa).

 

João Moço

Diário de Notícias, 13 Abril 2016

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