Gulbenkian 2017-18 para todos os públicos

Temporada de música da Fundação Gulbenkian foi anunciada hoje. Jardim de Verão e Jazz em Agosto antecedem o começo da Temporada que tem o Grande Auditório por epicentro. Desfile de grandes estrelas da música clássica, com particular ênfase para o piano, começa logo a 2 de Setembro, para só terminar a 15 de Junho de 2018.
25 mai 2017

Vai haver um pouco de tudo na temporada 2017-2018 da Fundação Gulbenkian: desde um concerto tendo por solista Sofia Escobar e a projeção do clássico ‘O Feiticeiro de Oz’ com música ao vivo, até à visita da Orquestra do Real Concertgebouw de Amesterdão (frequentemente apontada como a melhor do mundo), passando pelo capítulo final do ‘Senhor dos Anéis’, um festival de pianistas e a visita do grande baixo-barítono galês Bryn Terfel.

Mas isto é da temporada tradicional setembro-maio. Antes, há dois eventos que vão dar vida sonora aos espaços da Fundação durante o tempo de verão. O primeiro é Jardim de Verão, o qual, sob o signo da lusofonia, trará a vários espaços artistas como Roberta Sá, Mayra Andrade, Bonga ou Eneida Marta, além da ópera ‘jazzy’ Porgy and Bess e de um espectáculo em que Jane Birkin se junta à Orquestra Gulbenkian para uma homenagem a Serge Gainsbourg. Será entre 23 de junho e 20 de julho, sendo que a programação completa será divulgada a 2 de junho.

Logo depois, o Jazz em Agosto (28 de julho a 6 de agosto) traz ao Auditório ao Ar Livre e outros dois espaços artistas como o saxofonista Steve Lehman (28 e 29 de julho), David Torn (29), Larry Ochs (4 agosto) ou os Human Feel (5 agosto) e a Dave Douglas High Risk (6 agosto).

 

Pianos e blocos temáticos

A temporada propriamente dita arranca a 2 de setembro, com um concerto da Orquestra XXI, como vem sendo habitual nos anos mais recentes. Solista será o pianista Artur Pizarro, como que dando logo aí o mote para um dos traços fundamentais desta temporada: a verdadeira avalanche de grandes pianistas que vai passar pelo Grande Auditório, a solo, em música de câmara ou com orquestra. Seria por demais fastidioso estar aqui a enumerá-los, mas a lista inclui Martha Argerich, Grigory Sokolov, Evgeny Kissin, Lang Lang e Elisabeth Leonskaja, entre muitos outros. A lista percorre todo o curso da temporada, mas concentra-se em especial no mês de janeiro (12 a 26), com oito grandes nomes concentrados no que se designou de ‘Pianomania!’, entre os quais Daniil Trifonov, Yuja Wang e a estreia em Lisboa da jovem italiana Beatrice Rana – mas também o duo de Pedro Burmester e Mário Laginha.

É este ‘Pianomania!’ um dos três grandes blocos temáticos que pontuam a temporada, sendo os outros intitulados ‘Entre o céu e a terra’, dedicado às músicas espirituais (2 a 15 outubro) e ‘Guerra ou Paz’, de 4 a 22 de maio. No primeiro cabem, quer um concerto da Orquestra Gulbenkian (OG) com o soprano Elisabete Matos (um regresso à Fundação após longa ausência), para um programa idealizado para o centenários das aparições de Fátima (ele é tocado nessa cidade dois dias antes), como também cantos sacros da Argélia, um programa que junta flamenco e barroco espanhol (com Magdalena Kozena), ou ainda a famosa obra ‘Stimmung’, de Karlheinz Stockhausen, aqui aproveitando a acústica muito particular do Panteão Nacional.

No bloco ‘Guerra ou Paz’, por fim, alinham-se, por exemplo, o ‘Requiem de Guerra’, de Britten (4 maio), a Sinfonia ‘Leninegrado’, de Shostakovitch (11 e 12 maio) ou um concerto do meio-soprano Joyce DiDonato com o ensemble Il Pomo d’Oro (22 maio), além de uma homenagem de Jordi Savall à cultura musical da Granada mourisca (20 maio).

 

Quartetos e integrais

Além destes “festivais”, há um mini-festival de três dias dedicado aos quartetos de cordas, de 27 a 29 de janeiro. Serão seis quartetos de cordas, dentre os quais se destaca a estreia em Portugal do nova-iorquino JACK Quartet, um dos grandes ensembles da nova música da atualidade e que na Fundação fará a estreia de uma obra de Andreia Pinto-Correia, além de ‘Tetras’, de Xenakis (obra encomendada pela Fundação ao compositor) e do ‘Quarteto n.º 9’, de G. F. Haas, no qual é prescrito que seja executado em total escuridão (inclusivé para os músicos).

Para lá deste festival-maratona, o Quarteto Casals empreenderá ao longo da temporada aquela que é “a viagem das viagens” para qualquer quarteto de cordas: a integral dos quartetos de Beethoven. O primeiro díptico é logo a 30 de setembro e 1 de outubro.

Outra integral mítica será realizada pelo violoncelista brasileiro António Meneses: as seis Suites para violoncelo solo de Bach, a 9 e 10 de outubro.

 

Filmes, musicais e ópera

Eventos que suscitam sempre grande procura são os filmes com música ao vivo. E nesta temporada vão ser três. Ao esperado epílogo da trilogia do ‘Senhor dos Anéis’ (‘O Regresso do Rei’, de 5 a 7 de janeiro) vêm somar-se o eterno clássico ‘O Feiticeiro de Oz’, a 8 e 9 de dezembro; e um programa da OG com ligação à astronomia, que será acompanhado de um vídeo filmado no espaço e disponibilizado pela NASA (18 e 19 maio).

Novidade será também a presença da cantora Sofia Escobar num concerto intitulado ‘Musicais e Natais do Mundo’, a 20 e 21 de dezembro, com Coro e Orquestra Gulbenkian.

Três meses antes, no final de setembro, a ópera chega à Fundação, com uma produção de ‘O Monstro no Labirinto’, de Jonathan Dove (a estreia ocorreu no Festival de Aix-en-Provence e foi dirigida por Sir Simon Rattle), que envolve a participação de coros amadores e de coros juvenis e infantis, com a OG e um elenco onde figura, no papel de narrador, o ator Fernando Luís. Será entre 27 e 29 de setembro.

 

Fora de portas e do país

Presença importante assumem ainda os concertos fora da Fundação. O primeiro da nova temporada é a 9 de setembro, no âmbito do “Lisboa na Rua”, com Coro e Orquestra Gulbenkian a irem ao Vale do Silêncio interpretar os ‘Carmina Burana’, de Carl Orff. Mas antes desse há vários durante os meses estivais: a 3 de junho, na Praça do Comércio (incluído na Lisboa-Capital Iberoamericana da Cultura),a 2 de julho no Largo Trindade Coelho (Coro),a 21 de julho no Largo de São Carlos (incluído no Festival Ao Largo) a 27 de julho nas Ruínas do Carmo (OG).

Fora do país, são de assinalar a ida da OG a Barcelona (Palau de la Música, 6 abril) com Bryn Terfel e a Paris (será a sua estreia na magnífica e nova Philharmonie da capital francesa), aí com o barítono Thomas Hampson (5 fevereiro).

Por sua vez, vêm duas orquestras de fora: há a já habitual Orquestra Juvenil Gustav Mahler, a 14 e 15 de abril (tocam a ‘Oitava’ de Shostakovitch a 14). E há a visita da ilustre Orquestra do Real Concertgebouw de Amesterdão (21 fevereiro), integrada no périplo que a orquestra faz ao longo de dois anos pelas 27 capitais dos países da UE. Com ela, vem o maestro Semyon Bychkov e as irmãs Katia e Marielle Labèque. Como é norma desta digressão, elementos do Estágio Gulbenkian de Orquestra (uma orquestra jovem) irão juntar-se à formação holandesa para tocarem em conjunto a Abertura dos ‘Mestres Cantores’ de Wagner.

 

Metropolitan de Nova Iorque e Bryn Terfel

Presença continuada é a das transmissões de óperas do Metropolitan de Nova Iorque em alta definição, com dez transmissões, desde a ‘Norma’ de Bellini, a 28 de outubro, até ao ‘Cendrillon’, de Massenet, precisamente seis meses depois. Mas também a colaboração com o Festival Cantabile (dois concertos a 14 e 16 de setembro), com o Prémio Jovens Músicos (Festival Jovens Músicos, de 5 a 7 de outubro) e com a ECHO (European Concert Hall Organisation) no festival Rising Stars (11 fevereiro)

Igualmente ilustre é Bryn Terfel. O grande baixo-barítono galês estará em Lisboa a 4 de abril para cantar árias de diversas óperas, junto com o Coro e Orquestra Gulbenkian, programa que depois repetirão em Barcelona.

No canto, ainda, mas antigo, saúde-se o regresso, logo no ano seguinte, dos Graindelavoix, de Björn Schmelzer, para um programa dedicado á música religiosa de Carlo Gesualdo (24 março).

À parte tudo isto, merecem ainda referência algumas obras de particular relevância e7ou efeito, como a Sinfonia ‘Ressurreição’ de Mahler (8 e 9 março), a Sétima de Bruckner (19 e 20 abril), a Patética de Tchaikovsky (25 e 26 maio), ou a Paixão segundo São Mateus, de Bach (de 26 a 28 de março, entre outros, com Carlos Mena entre os solistas).

 

Bernardo Mariano

Diário de Notícias – 25 de maio 2017

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