Cinco concertos imperdíveis na chuva de estrelas da Gulbenkian

Foi ontem anunciada e tem como marca principal uma superabundância de grandes pianistas e a introdução de blocos temáticos no início, centro e final da temporada. Outros pontos altos incluem a Orquestra do Concertgebouw e o baixo-barítono galês Bryn Terfel. O diretor Risto Nieminen sugere cinco momentos.
26 mai 2017

Magdalena Kozena num programa que inclui flamenco, Daniil Trifonov tocando o popular Concerto em lá m de Schumann ou a mezzo Joyce DiDonato cantando ora a guerra ora a harmonia. Eis um sobrevoo sumário da temporada de música 2017-18 da Gulbenkian, em si ilustrativo de uma das novidades da programação: a introdução de blocos temáticos em momentos–chave da temporada: outubro, janeiro e maio. Kozena integra o primeiro, intitulado “Entre o céu e a terra”; Trifonov é um dos “chamarizes” do segundo: “Pianomania!”. E Joyce é uma das atrações do último, chamado “Guerra ou paz”.

Pelo meio, há Bryn Terfel numa noite de ópera (4 abril), Thomas Hampson no Requiem Alemão de Brahms (1 e 2 fevereiro) e a visita da ilustre Real Orquestra do Concert- gebouw de Amesterdão (21 fevereiro), amiúde apontada como a melhor do mundo.

E há os “campeões de bilheteira”: filmes com música ao vivo, transmissões em direto de óperas do Metropolitan de Nova Iorque e recitais de piano. Nos primeiros, há duas noites com O Feiticeiro de Oz, três com O Regresso do Rei e outras duas com vídeos espaciais vindos diretamente da NASA. Do Met, haverá dez transmissões entre 28 de outubro e 28 de abril, incluindo da recentíssima O Anjo Exterminador, de Thomas Adés (18 novembro), estreada no Festival de Salzburgo do ano passado e vista há escassas semanas em Londres.

Quanto aos recitais de piano, poder-se-ia dizer que a Gulbenkian nunca esteve tão perto de se poder perguntar: “Que grande pianista não vem este ano ao Grande Auditório?” – tantos são os nomes notáveis a apresentar-se a solo. Já falámos de Daniil Trifonov, falaremos abaixo de Martha Argerich, mas a lista é tão extensa quanto refulgente. E se somarmos os que virão tocar com a Orquestra Gulbenkian, então estamos perante uma situação de “pânico da escolha”.

Mas, mesmo sem os anteriores, são inúmeras as atrações da próxima temporada – tantas, de facto, que Risto Nieminen (ver entrevista página ao lado) teve visivelmente tarefa difícil para escolher (só) cinco eventos, que enumeramos pela ordem por que foram referidos.

 

Martha Argerich

A lendária pianista argentina regressa ao Grande Auditório e, como é habitual, não vem sozinha (há muito que deixou de fazer recitais solo): com ela, a russa Lilya Zilberstein, sua partner habitual para recitais a dois pianos. O programa culmina com as Danças Sinfónicas, de Rakhmaninov.

3 de março Grande Auditório, 19.00, bilhetes dos 30 aos 70 euros

 

Orquestra Juvenil Gustav Mahler (OJGM)

Formação que reúne jovens músicos de toda a Europa, incluindo um bom núcleo de portugueses, tem sido presença anual na Fun- dação nos últimos anos e próxima temporada não é exceção. Vladimir Jurowski, titular da Filarmónica de Londres, dirige ambos os concertos, contando na primeira data com o notável pianista Pierre-Laurent Aimard e Tamara Stefanovich (ex-aluna de Aimard) no Concerto para Dois Pianos de Bartók; e na segunda com a violinista Lisa Batiashvili (Concerto de Szymanowski). De referir que os dois programas têm apenas autores do século XX.

14 e 15 abril Grande Auditório, às 19.00, bilhetes dos 25 aos 50 euros

 

Evgeny Kissin

O pianista russo regressa à Gul- benkian, após alguns anos de ausência – e logo duas aparições: primeiro a solo, num programa com Rakhmaninov e a Hammer- klavier de Beethoven; depois com o Quarteto Kopelman (de Mikhail Kopelman, 1.º violino do Quarteto Borodin durante 20 anos), para tocarem Mozart, Fauré e Dvorák.

31 outubro e 16 fevereiro Grande Auditório, 21.00, bilhetes dos 30 aos 70 euros

 

Il Pomo d”Oro + Alina Ibragimova

O ensemble de música antiga oriundo de Veneza fará três concertos na Gulbenkian ao longo da temporada. No primeiro deles, tem por solista Alina Ibragimova, violinista que tem sido presença regular na Fundação nos últimos anos. No programa, obras de J.A. Hasse, Philipp Emanuel Bach, Michael Haydn e Mendelssohn.

3 de novembro Grande Auditório, 21.00, bilhetes dos 15 aos 30 euros

 

Zoologia Fantástica

Sob o título bizarro está um programa de música nov(íssim)a, com uma estreia absoluta e duas obras muito recentes – e com a curiosidade de os três compositores terem nascido em 1977! A estreia é do Concerto para Piano de Vasco Mendonça (encomenda da Fundação). Antes, há Aeriality (de 2011), da islandesa Anna Thorvaldsdottir; depois, ouve-se Anthology of Fantastic Zoology, obra inspirada em Jorge Luis Borges da autoria do americano Mason Bates e estreada em junho de 2015 pela Sinfónica de Chicago com o maestro Riccardo Muti, aliás dedicatário da obra. Benjamin Shwartz, maestro que dirigiu na Fundação uma ótima Quarta Sinfonia de Mahler em novembro último, dirige a Orq. Gulbenkian. Solista no Concerto de Mendonça será o experiente Roger Muraro, especialista em Messiaen.

15 de junho Grande Auditório, 21.00, entrada livre

 

Bernardo Mariano

Diário de Notícias – 26 de maio 2017

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