Nuno da Rocha: Restart

Orquestra Gulbenkian / Nuno Coelho

Sob a direção do maestro Nuno Coelho, a Orquestra Gulbenkian interpreta a peça "Restart", do compositor português Nuno da Rocha.
Bernardo Mariano 26 abr 2024 20 min

Restart resultou de uma encomenda da Fundação Gulbenkian, destinada a abrir o programa inaugural da Orquestra Gulbenkian na temporada 2015-16, com a maestrina Joana Carneiro a dirigir uma formação que juntou Orquestra Gulbenkian e Estágio Gulbenkian para Orquestra.

A peça está instrumentada para uma orquestra “romântica” convencional (com as madeiras a 3, sendo o 3.º instrumento sempre um alargador da extensão e do timbre, respetivamente, do agudo para o grave: flautim, corne-inglês, clarinete-baixo e contrafagote; mais trompas a 4, e trompetes e trombones a 3), mas enquadrada com um instrumentário de percussão alargado, além de enriquecido com recursos menos convencionais, casos da melódica, da harmónica e do (assim designado) “junk kit”: um instrumento compósito, feito de objetos do quotidiano, dispostos qual teclado, do grave ao agudo.

Particularmente interessante nesta obra é a contínua alternância que exibe entre secções notadas com altura definida e secções notadas com altura indefinida, algo muito familiar no naipe de percussão (por via dos próprios instrumentos), mas que se vê aqui alargado a todos os naipes da orquestra, de tal modo que se configura como princípio constitutivo da peça como um todo. Nuno da Rocha prescreve aos executantes apenas a “região média” da extensão dos respetivos instrumentos, cabendo aos músicos definir o “onde” (que pode variar a cada recorrência) e, a partir daí, definir notas mais agudas e notas mais graves (de acordo com a notação nas suas partes). Este constante vaivém entre notação fixa e notação aberta, esta interação, causam a perceção de constante “restart”, como um rosto em permanente reformulação. Outro recurso original é o flexatone (usado por: instrumentistas de cordas, exceto contrabaixos; trompas e trompetes); bem como requerer dos músicos (cordas) que murmurem, dobrando a nota que executam ou sem apoio.

Embora um contínuo, divisam-se em Restart três grandes secções: a 1.ª começa poderosa e imponente e termina com uma melodia quase pós-romântica das cordas expostas; a 2.ª individualiza-se pela sua pesquisa tímbrica e organização mais caleidoscópica; e a 3.ª, por uma textura eufónica de coral muito lento das cordas (com as vozes a dobrar), na qual mais tarde os outros instrumentos (ouvem-se rememorações de motivos anteriores) se virão (dir-se-ia, quase relutantemente) a inscrever, até que tudo por fim se esfuma num sopro pianissimo das vozes.


Intérpretes

  • Maestro

Programa

Nuno da Rocha

Restart

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