Michel Corboz (1934 – 2021)
Maestro Titular do Coro Gulbenkian (1969 – 2019)
Michel Corboz nasceu a 14 de fevereiro de 1934, em Marsens, no cantão suíço de Friburgo, trinta anos antes do primeiro ensaio do Coro Gulbenkian, a 14 de fevereiro de 1964. Descendente de uma família católica de moleiros de La Tour-de-Trême desde o século XVI, foi o 4.º filho de Louis Corboz e Jeanne Rouiller. O avô, Jules Cyprien Corboz, era mestre-de-capela da igreja de São Sulpício de Vuippens. O tio, o organista André Corboz, foi o seu primeiro mestre: “verdadeiro mentor e referência da minha vida”.
Inicialmente, Corboz procurou conciliar a sua vocação para professor primário e os estudos musicais. Assim, enquanto aluno da École Normale de Fribourg, estudou com Juliette Bise (canto) e Aloÿs Fornerod (teoria), no Conservatório desta cidade. Em 1953, a convite do abade Pierre Kaelin, seu professor em Fribourg, aceitou o cargo de mestre-de-capela da basílica de Notre-Dame du Valenti, em Lausanne, posição que manteve até 1970. Viria a concluir a sua formação com Pierre Chatton (composição) e Hans Haug (direção), na Escola Superior de Música de Lausanne – Instituto Ribaupierre, frequentando, igualmente, master-classes de Paul Van Kempen, na Academia Musical Chigiana, em Siena. Outra referência é Edwin Loehrer, maestro do Coro da Rádio Suíça, agrupamento com o qual colaborou na juventude.
Influenciado pelo movimento coral À Coeur Joie, Corboz funda, em 1961, o Ensemble Vocal e Instrumental de Lausanne, do qual viria a ser maestro titular até 2011. Em 1964, inicia uma colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, ministrando cursos de iniciação à Direção Coral. Seria por via deste trabalho que, em 1969, Madalena de Azeredo Perdigão, à época Diretora do Serviço de Música, convida Michel Corboz a assumir as funções de Maestro Titular do Coro Gulbenkian, no seguimento da morte precoce da anterior titular, Olga Violante. O primeiro ensaio decorreria a 6 de outubro desse ano, às 21h.
Igualmente, em 1964, Corboz conhece Michel Garcin, diretor artístico da editora Erato, figura chave para a sua carreira e notoriedade internacional. A cumplicidade que se estabeleceu entre os dois resultou num corpus discográfico invejável. Das 37 gravações que realizou com o Coro Gulbenkian, destacam-se: Jephte de Carissimi (1972), Le jugement Dernier de Charpentier (1979) e Lauda Sion de Mendelssohn (1979), galardoadas com o Grand Prix da Académie Charles Cros; o Requiem de Mozart (1976, Prix Académie National du Disque), Paulus de Mendelssohn (1988, Prix Berlioz 1989) e La Danse des Morts de Honegger (1990, Orphée d’Or 1991).
Professor de Direção Coral no Conservatório Superior de Música de Genève, entre 1976 e 2004, Michel Corboz foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem das Artes e das Letras (1996) e com a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique (1999).
A 17 de dezembro de 1969, às 18h30, Michel Corboz dirigia o seu primeiro concerto com o Coro Gulbenkian, o IX concerto da Temporada de Música 1969-1970. O programa, integralmente preenchido com obras de Monteverdi e Bach, contou com a colaboração da Orquestra de Câmara Gulbenkian.
Em dezembro de 1999, Corboz foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa com a Grã Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique.