Piotr Anderszewski

O Cravo Bem Temperado

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Piotr Anderszewski Piano

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
Doze Prelúdios e Fugas do 2.º Livro de O Cravo Bem Temperado
Prelúdio e Fuga n.º 1, em Dó maior, BWV 870 
Prelúdio e Fuga n.º 12, em Fá menor, BWV 881 
Prelúdio e Fuga n.º 17, em Lá bemol maior, BWV 886 
Prelúdio e Fuga n.º 8, em Ré sustenido menor, BWV 877 
Prelúdio e Fuga n.º 11, em Fá maior, BWV 880 
Prelúdio e Fuga n.º 22, em Si bemol menor, BWV 891 
Prelúdio e Fuga n.º 7, em Mi bemol maior, BWV 876 
Prelúdio e Fuga n.º 16, em Sol menor, BWV 885
Prelúdio e Fuga n.º 23, em Si maior, BWV 892
Prelúdio e Fuga n.º 24, em Si menor, BWV 893
Prelúdio e Fuga n.º 9, em Mi maior, BWV 878 
Prelúdio e Fuga n.º 18, em Sol sustenido menor, BWV 887

Composição: 1740-1744
Duração: c. 1h 20 min.

Pedra-de-toque da produção para tecla de Johann Sebastian Bach, o segundo livro de O Cravo Bem Temperado teve origem entre 1740 e 1744, sucedendo a composição do primeiro livro em cerca de duas décadas. Investido das funções de Kantor e diretor musical da Igreja de São Tomé de Leipzig, Bach teve oportunidade de finalizar a recolha, ao que tudo indica, a partir da compilação de prelúdios e fugas compostos anteriormente, por forma a obter, tal como no primeiro livro, uma abordagem sistemática às vinte e quatro tonalidades facultadas pelos temperamentos coevos dos instrumentos de tecla. Não se conhece autógrafo completo deste segundo caderno, mas somente um manuscrito compósito que reúne cópias da mão de Bach e outras anotadas pela sua segunda esposa, Anna Magdalena. Ao contrário do primeiro livro, esta fonte não apresenta qualquer título e somente uma das revisões bastante posteriores do manuscrito, feita pelo genro do Kantor e também compositor, Johann Christoph Altnickol (1720-1759), possui folha de rosto com disposição de conteúdos semelhante à do primeiro livro: “O Teclado Bem Temperado, Segunda Parte, consistindo em Prelúdios e Fugas que fazem uso de todos os tons e meios-tons, compostos por Johann Sebastian Bach”.

É por via do piano moderno, legatário dos antigos instrumentos de tecla que conviviam entre si no tempo de Bach, evocados, de resto, no título original da obra, que Piotr Anderszewski nos oferece esta tarde uma seleção de doze Prelúdios e Fugas provindos do segundo livro. É importante salientar que a tradução do título original da obra de Bach, Das wohltemperierte Clavier, se reveste de um carácter impreciso, já que no tempo de Bach a palavra clavier podia designar qualquer um dos instrumentos de tecla então em voga, como o clavicórdio, o cravo, a espineta, o virginal ou mesmo o órgão. Deste modo, continuamos sem conhecer a exata intenção de Bach quanto ao veículo instrumental pretendido para a obra, se é verdade que existiu alguma, permanecendo bem implantada, na terminologia portuguesa o título uniforme O Cravo Bem Temperado. Em tal contexto de indefinição idiomática, o piano moderno afigura-se como um veículo legítimo para a execução da obra.

Na produção para tecla de Bach ocupam um lugar central os prelúdios, tocatas, fantasias e fugas que o compositor compôs em grande número logo a partir do início da sua atividade como organista. Em lugar de serem vistas como entidades autónomas e desligadas de um contexto funcional, estas composições eram muitas vezes associadas entre si formando dípticos ou trípticos que constituíam unidades musicais privilegiadas para o enquadramento de alguma função social, religiosa ou didática. Na época de Bach eram particularmente apreciadas as combinações contrastantes do prelúdio e fuga ou da tocata e fuga, as quais conheciam já raízes anteriores, nomeadamente na obra de Dietrich Buxtehude (1637-1707), um dos principais impulsionadores da literatura organística no norte da Alemanha. Bach enfatizou o carácter livre associado ao prelúdio pelos seus antecessores organistas da escola setentrional, formando unidades musicais de grande riqueza idiomática, que exploram todos os recursos de instrumentos como o órgão, o cravo ou o clavicórdio, sempre com um forte sentido de imprevisibilidade.

Tal como o seu predecessor, o segundo livro de O Cravo Bem Temperado resultou, em parte, da compilação de prelúdios e fugas compostos anteriormente, alguns dos quais aparecem aqui transpostos para outras tonalidades diferentes das originais. Os trechos de composição nova datam, sobretudo, da última fase da década de 1730 e alguns prelúdios, em particular, mostram a influência do estilo galante que então se começava a esboçar, por contraste com a elaborada arquitetura polifónica barroca. A fuga, seguindo a tendência já descrita para este segundo caderno, distancia-se do elemento affectus para regressar à atmosfera intrincada do jogo polifónico barroco – o mesmo jogo predominante pelo qual o idioma de Bach se distanciou, sobretudo na fase final da sua vida, das correntes progressistas que emanaram da pena de compositores como Georg Philipp Telemann e Carl Philipp Emmanuel Bach, entre outros pioneiros do pré-classicismo.

Rui Cabral Lopes

Johann Sebastian Bach
Partita n.º 1, em Si bemol maior, BWV 825
4. Sarabande

Na Temporada 18/19, Piotr Anderszewski apresentou-se três vezes no palco do Grande Auditório, tanto na condição de solista, com a Orquestra Gulbenkian, como em recital a solo e ainda na dupla qualidade de solista e maestro. Neste seu regresso à Gulbenkian Música interpreta uma seleção de doze dos Prelúdios e Fugas do 2.º Livro de O Cravo Bem Temperado, de J. S. Bach, uma das grandes obras de referência do compositor alemão. Segundo as palavras de Anderszewski, a ideia de tocar estas obras numa ordem diferente e específica cria uma narrativa diferente, uma dramaturgia onde as relações tonais tanto funcionam em consonância como em contraste umas com as outras.

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