Há uma nova instalação para os mais pequenos
Qualquer coincidência com a história de Max – o rapazinho que, mandado para a cama de castigo, vê o quarto transformar-se em floresta e é levado até à terra dos animais ferozes – é pura coincidência.
A nossa história é parecida com a do clássico de literatura infantil de Maurice Sendak (traduzido para português por Onde vivem os monstros), mas o cenário é bem diferente. Se 0 quarto de Max foi invadido pela floresta, a sala 2 do Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Telles foi invadida pelo jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, onde há muitos bichos, mas ainda não se viram monstros. À volta do ecrã tátil onde miúdos (e graúdos) podem brincar com as ilustrações do Bernardo Carvalho, cresceram arbustos e árvores, instalaram-se ninhos e um lago parece ter emergido no chão da sala.
Há um sapo à beira do lago, um lagarto que passa, uma andorinha a sobrevoar o céu, um pato e uma libelinha entre folhas recortadas. Alguns perderam-se e precisam de ajuda para voltar ao seu lugar (como peças de puzzles que pedem para ser encaixadas pelas mãos dos pequenos Max que por ali passarem).
Quem quiser ouve um chilrear, o coaxar das rãs ou a dança das copas das árvores – basta pôr os auscultadores e perder-se nos sons do jardim. Mas também há “lupas” que permitem ver, em tempo real, o que se passa no laguinho das rãs, onde por vezes voam morcegos à procura de insetos, num ninho de chapins, no lago habitado por carpas, cágados, galinhas de água e outros animais, nas copas dos ulmeiros e carvalhos, com os gaios à procura de bolotas, e onde se assiste ao passar das estações.
Como na história de Sendak, não há que ter medo do que possa passar nesta sala, engolida por um jardim de cortiça escura. Porque a instalação de Bernardo Carvalho é tão bonita que ainda o trabalho estava no início e já havia quem perguntasse se não se ia estender para a sala ao lado.
Passe então pela sala onde são narrados os “10 Mandamentos” com que Ribeiro Telles define a criação de um jardim, transformados em “10 Andamentos” interativos e descubra este pedaço de jardim, dentro do centro interpretativo.
Texto: Inês Rapazote