Três Séculos de Gravura Cubana

Exposição coletiva e de itinerância internacional, que apresentava um olhar sobre a história de Cuba através da gravura aí produzida entre os séculos XVIII e XX. Organizada pela Embaixada de Cuba em Portugal, com obras da coleção do Museo Nacional de Bellas Artes (Havana).
Collective international travelling exhibition organised by the Embassy of Cuba in Portugal featuring works from the collection of the Museo Nacional de Bellas Artes in Havana. The show provided visitors with a glimpse at Cuba’s history through a display of prints produced in the country between the eighteenth and twentieth centuries.

Exposição coletiva que apresentava um olhar sobre a gravura produzida em Cuba entre os séculos XVIII e XX. Organizada pela Embaixada de Cuba em Portugal, com obras da coleção do Museo Nacional de Bellas Artes de Cuba (Havana), esta mostra foi apresentada na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 01).

Antes de viajar para Lisboa, a exposição tinha sido apresentada, sob a designação de «Estampas Cubanas de Tres Siglos», na Bulgária, na Polónia e na Checoslováquia, entre 1988 e 1989, tendo o Museo Nacional de Colombia (Bogotá) sido palco da sua última apresentação, em 1996.

No texto para o catálogo, Alejandro G. Alonso, então vice-diretor técnico do Museo Nacional de Bellas Artes de Cuba, justifica o tema e abrangência cronológica da mostra pela continuidade da prática da gravura por parte dos artistas cubanos ao longo de três séculos, apesar de se observar um período de quase abandono dessa atividade, por motivos políticos e económicos, entre os últimos anos do século XIX e a primeira metade do século XX. Nesse mesmo texto, Alonso reconhece algumas fragilidades da mostra, decorrentes da exagerada ambição do projeto.

Organizada por secções temáticas, a exposição começava com um núcleo dedicado à representação da cidade de Havana, com uma gravura do holandês Jacob van Meurs, intitulada Havana (século XVII), cuja versão ficcionada da cidade terá contribuído para alimentar a fantasia europeia em relação ao local. Seguia-se uma série de gravuras realizadas por artistas viajantes dos séculos XVIII e XIX, como os franceses Pierre-Charles Canot, Dominique Serres, Frederico Mialhe, o britânico Elias Durnford e o alemão Johann Adolf Hoeffler.

Estas últimas mostravam o porto e os edifícios históricos da capital (igrejas, conventos, fortificações praças), registando a evolução da geografia urbana. Seguiam-se algumas cenas bélicas que haviam marcado a história da cidade e impulsionado mudanças estruturais, como a tomada de Havana pelos ingleses, em 1763, e a posterior reforma do sistema defensivo, levada a cabo pelos espanhóis depois da reconquista. Deste período, foram também expostos alguns trabalhos de um dos primeiros gravadores cubanos, Francisco Javier Báez, que, como explica Alejandro G. Alonso, «encontrou nas imagens religiosas moldadas a partir de desenhos e pinturas de outros autores ou de cópias de obras importantes a maneira de satisfazer as solicitações de clérigos e nobres, de impressores e comerciantes, que o fizeram alargar a sua arte a escudos de armas, marcas de charutos, vinhetas e ex-líbris» (Três Séculos de Gravura Cubana, 1990, p. 6).

O período colonial ficou igualmente retratado por imagens das atividades económicas (indústria açucareira, plantações de café, pesca de esponjas, cultivo e manufatura de tabaco), a par das tradições e costumes locais ou assimilados.

Os desenvolvimentos de processos e métodos de gravura encontravam-se representados através de calcografias (água-forte, água-tinta), litografias, xilografias, cromolitografias e serigrafias. Na primeira parte da exposição, de cariz mais histórico, era posto em evidência o florescimento da cromolitografia com fins promocionais, através da apresentação de trabalhos para rótulos e embalagens de inúmeras marcas de tabaco e de charutos.

A segunda parte da exposição, dedicada à produção do século XX, revelava, por um lado, o uso da gravura como instrumento de subversão, denúncia e crítica social nos últimos anos da ditadura de Fulgencio Baptista, e, por outro, o uso da litografia e da serigrafia pelos principais artistas cubanos ou radicados em Cuba, que exploravam igualmente outros media, como Wifredo Lam, Alfredo Sosabravo, Raúl Martínez, José Luis Posada, José Gómez Fresquet, entre muitos outros. Apesar da diversidade temática e de linguagens, nota-se uma predominância de temas políticos e sociais nos trabalhos selecionados. Nesta última parte, a introdução de certas gravuras, como as de Zaida del Río ou de Pablo Borges, revelava algum desequilíbrio em termos do valor artístico das obras apresentas, facto para o qual a revista colombiana Semana também chamaria a atenção, num artigo sobre a exposição, aquando da sua apresentação no Museo Nacional de Colombia: «[…] es una muestra que al mismo tiempo que presenta trabajos espléndidos y plantea interrogante sobre la eficacia del graba como un medio proselitista, incluye unas cuantas obras sin mayor interés técnico, temático, estilístico o conceptual» («Grabados cubanos: una brillante historia…», Semana, 9 fev. 1996).

Esta era uma exposição que, acima de tudo, contava a história de Cuba dos séculos XVIII ao XX através da gravura.

Mariana Roquette Teixeira, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José Sommer Ribeiro (segundo à esq.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / Dossiê BA/FCG

Coleção de dossiês com recortes de imprensa de eventos realizados nas décadas de 80 e 90 do século XX, organizados de forma temática e cronológica. 1984 – 1997

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00431

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, orçamentos para catálogo, cartaz e convites, lista de obras, texto para o catálogo, convite, recortes de imprensa. 1990 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0267-D00863

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1990


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