A exposição de escultura de François-Louis Simecek (1898-1950), organizada pelo Serviço de Exposições e Museografia da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), foi inaugurada a 8 de março de 1989, contando com a presença de Lucie Simecek, viúva do artista.

O percurso deste artista suíço é descrito por José Sommer Ribeiro, diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, na introdução do catálogo da exposição. Só depois de passar pelas profissões de padeiro, soldado, mineiro e joalheiro, François-Louis Simecek se terá iniciado na escultura. Ao longo de quase trinta anos de atividade artística (1923-1950), realizou bustos de figuras de referência, como a do escultor Charles Despiau, o bailarino e coreógrafo Serge Lifar, Pablo Picasso ou o historiador de arte Élie Faure, com as quais mantinha relações de amizade.

Charles Gagnebin refere-se à personalidade artística de Simecek como «uma união original de qualidades humanas, intelectuais e artísticas de primeira ordem: invenção audaciosa; senso plástico dos volumes, das formas e das linhas que procuram a essência significativa, única e simples dos seres; perspicácia de análise e firmeza de síntese; habilidade técnica e autêntica espiritualidade» (F. L. Simecek. Escultor-Sculpteur (1898-1950), 1989).

As 35 obras de escultura expostas na Galeria de Exposições Temporárias da Sede (piso 01) da FCG mostraram o percurso artístico do escultor. A museografia organizou os trabalhos por tipo e dimensões, formando pequenos núcleos diferenciados de escultura de vulto, bustos e relevos. Algumas obras, como um tríptico em ónix e os rostos em alto-relevo, pela sua constituição em materiais mais frágeis, exigiram cuidados especiais, razão pela qual foram apresentadas em vitrinas.

Uma breve nota de imprensa realçou a presença de uma «“démarche” obsessiva em torno de figuras simbólicas tratadas em formas maciças animadas por ritmos ou tensões interiores», num conjunto de retratos e esculturas que, apesar de restrito, permitia a compreensão do trabalho deste artista plástico («François Simecek», Expresso, 18 mar. 1989).

Carolina Gouveia Matias, 2018