Exposição de pintura de Cyril Bourquin (1930), inspirada na obra poética e pictórica de Henri Michaux (1899-1984). Associada à breve residência artística da pintora em Lisboa, a mostra explorou os conceitos de procura e de encontro, temas que nortearam o desenho do espaço expositivo, com a criação de um circuito intencionalmente labiríntico.
Travel-themed painting exhibition of works by Cyril Bourquin (1930) connected to Bourquin's brief artistic residence in Lisbon. Featuring works inspired by the poetic and pictorial works of Henri Michaux (1899-1984), the display was designed to form a labyrinthine circuit in a play on concepts of seeking and finding.
Originalmente com o título «A Distância e o Encontro», esta exposição de pintura nasceu num momento de aproximação da artista à obra poética de Henri Michaux (1899-1984), após o anúncio da sua morte. Como Cyril Bourquin (1930) relata, «ce fut une plongée incroyable de conséquences. Rencontre fulgurante, d’où une idée germa dans mon esprit et fit petit à petit son chemin» (Cyril Bourquin [registo vídeo], Biblioteca de Arte. FCG, VC 143).
A esta mostra esteve associada uma breve residência artística em Lisboa, durante a qual a artista suíça produziu uma pintura que veio a integrar a exposição e, posteriormente, a coleção do Centro de Arte Moderna. Bourquin pretendia, nesta ocasião, prosseguir as suas pesquisas associadas ao tema da viagem, as quais já tinham resultado numa série de objetos em fio de cobre e desenhos. Bourquin conta: «Ce voyage Déplacement s’est imposé à moi avec force, sorte d’hommage à Henri Michaux disparu ? Sans doute ! Voyage dans le voyage ? Certes ! Plutôt rencontre passionnelle entre la poésie de ce grand poète et mon travail. Cette poésie étant pour moi génératrice de nomadisme extérieur, d’exploitation intérieur.» (Ibid.)
A ideia de procura e encontro subjaz ao desenho do espaço expositivo. Neste, foram criadas zonas um tanto labirínticas, que incitavam à circulação, e outras de pausa, que levavam à contemplação. Ao longo desta viagem, o espaço físico, corpóreo, palpável, dava lugar a espaços abstratos, infinitos, celestiais, inacessíveis, ou ao misterioso mundo interior, seus lugares e formas, revelando-se uma pintura que é posta ao serviço da insaciabilidade do espírito e que pretende ultrapassar a bidimensionalidade do medium. Os títulos dos trabalhos expostos (Sous la peau brillante, L’ici et l’ailleurs, Vitesse intérieure, Présences secrètes, entre outros) são bastante reveladores das transições constantes às quais o visitante era submetido.
Às pinturas monocromáticas, em azul e vermelho intensos, juntavam-se outros trabalhos a preto-e-branco, nos quais a influência da obra pictórica com traços caligráficos de Henri Michaux era mais evidente.
Esta exposição registou 14 337 visitantes entre 26 de novembro e 18 de dezembro de 1987.
O catálogo que acompanhava a mostra foi concebido graficamente por Cyril Bourquin, com o apoio de Werner Jeker, designer responsável pelo cartaz.