Exposição da obra de Francis Smith (1881-1961), pintor português residente em Paris desde o início do século XX, inaugurada a 22 de maio de 1972, em Lisboa. Integrando mais de uma centena de desenhos, a maioria destas obras havia sido anteriormente exposta, pela primeira vez, em março do mesmo ano, na Casa de Portugal, em Paris, numa iniciativa do pintor Paulo Ferreira. As obras tinham sido cedidas para o efeito pela viúva do artista, a escultora Yvonne Mortier Smith, e pelo seu irmão, Armand Cortier.

A montagem da exposição em Lisboa foi proposta à Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) por Paulo Ferreira e por Yvonne Smith, com o apoio de José Sommer Ribeiro e de Artur Nobre de Gusmão, que entenderam ser «extremamente vantajosas as condições propostas», pois quer os textos do catálogo, quer as gravuras, «estariam à nossa disposição, sem qualquer encargo» (Apontamento do Serviço de Exposições e Museografia, 22 mar. 1972, Arquivos Gulbenkian, SEM 00019).

O catálogo contou com a colaboração da historiadora e crítica de arte Jeanine Warnod, que redigiu um texto de análise ao conjunto dos desenhos apresentados, verificando alguns «aspectos inéditos da versatilidade da obra de Smith» (Francis Smith. Desenhos, 1971). As fotografias que integraram o catálogo foram cedidas pela associação Les Amis de Francis Smith, criada em 1962 por iniciativa dos pintores Isis Kischka e André Hambourg, a qual já havia colaborado com Paulo Ferreira, em 1969, na organização da exposição Le Portugal dans l’œuvre de Francis Smith, realizada no Centre Culturel Portugais (CCP), em Paris.

A data da exposição foi propositadamente escolhida para coincidir com a apresentação na FCG da exposição de Sonia e Robert Delaunay, também organizada por Paulo Ferreira. Deste modo, não só seriam rentabilizadas as suas deslocações a Lisboa, como também se aproveitariam os transportes das obras vindas de França. Por fim, a inauguração da exposição contou com a presença de Françoise Smith-Brèthes, filha de Francis e Yvonne Smith, que veio a Portugal em representação de sua mãe.

Após o encerramento da exposição, Sommer Ribeiro escreveu a Paulo Ferreira, a quem agradecia a colaboração, esperando poder com ele «em breve voltar a colaborar» (Carta de Sommer Ribeiro para Paulo Ferreira, 26 jul. 1971, Arquivos Gulbenkian, SEM 00019).

Joana Baião, 2016