Manoel de Oliveira. Fotógrafo

Programa «Gulbenkian Cultura»

Exposição que reuniu 120 fotografias do realizador português Manoel de Oliveira, resultando de uma parceria com a Casa do Cinema Manoel de Oliveira – Fundação de Serralves. Estas fotografias, produzidas entre finais da década de 30 e meados dos anos 50 do século passado, eram ainda desconhecidas do grande público.

A exposição «Manoel de Oliveira. Fotógrafo», patente ao público no Hall da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian entre 19 de outubro de 2021 e 17 de janeiro de 2022 resultou de uma parceria entre a Casa do Cinema Manoel de Oliveira – Fundação de Serralves e o Programa Gulbenkian Cultura. A mostra, inserida num programa de itinerância organizado pela Fundação de Serralves, fora anteriormente apresentada na Casa do Cinema (Serralves) entre 23 de outubro de 2020 e 27 de junho de 2021. Em Lisboa, a exposição inaugurou no dia 18 de outubro de 2021, com a presença da então presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, e da presidente da Fundação de Serralves, Ana Pinho.

Com curadoria de António Preto, diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira, a exposição reuniu um conjunto de 120 fotografias a preto-e-branco da autoria do realizador português Manoel de Oliveira (1908-2015). Provenientes do seu arquivo pessoal, em depósito na Fundação de Serralves, são trabalhos que revelam uma faceta desconhecida do grande público e permitem, simultaneamente, refletir sobre a evolução da obra cinematográfica de Oliveira, ideia reforçada por António Preto, que considera que a fotografia, «investida quase sempre de propósitos artísticos, […] é para o realizador um instrumento de pesquisa formal e de experimentação, uma outra modalidade para interrogar, muitas vezes em relação direta com os filmes, a construção de uma linguagem visual própria» (Serralves. Manoel de Oliveira. Fotógrafo, 2020).

As 120 fotografias reunidas pelo projeto curatorial foram produzidas entre finais da década de 30 e meados dos anos 50 do século passado, num período em que a atividade fotográfica de Manoel de Oliveira se intensificou, coincidindo com uma longa pausa cinematográfica entre a conclusão de Aniki-Bóbó (1942) e o regresso à realização, em 1956, com o filme O Pintor e a Cidade. As obras apresentadas mostravam ainda os interesses pessoais e estéticos de Oliveira, numa diversificada profusão de temas – paisagem, retrato, naturezas-mortas ou recantos da sua cidade, o Porto – e uma grande curiosidade pela versatilidade da técnica fotográfica, pelos fenómenos óticos, ou mesmo pelo insólito, como Jorge Calado assinala no artigo que assina para o semanário Expresso: «Oliveira não usava a máquina fotográfica para captar o familiar, mas sim como instrumento de construção ou descoberta do que é estranho e insólito. Fora do seu contexto, um objeto não passa de uma forma esquisita e abstrata, seja ela o urinol a que Marcel Duchamp deu o nome de “Fountain” (“Fonte”, 1917), ou o prato com cubos de gelo fotografado por Oliveira a que podia ter dado o título de navio.» (Calado, Expresso, 13 nov. 2021, p. 57)

Contextualizando ou documentando as fotografias de Oliveira, distribuídas pelos diversos painéis expositivos, imaculadamente brancos, a fazer sobressair o preto-e-branco da impressão fotográfica, apresentava-se em vitrines uma seleção de materiais impressos e manuscritos, que incluíam catálogos de salões internacionais de fotografia (de 1939 e 1941), exemplares de O Século Ilustrado com reproduções de imagens de Manoel de Oliveira, provas de contacto, o catálogo da exposição «Photography 1839-1937», organizada no MoMA de Nova Iorque, fotos de rodagem de filmes, ou a sua máquina fotográfica, Leica IIIf, e a respetiva mala.

O catálogo da exposição, em formato bilingue (português e inglês) e publicado por ocasião da primeira edição da mostra, realizada na cidade do Porto, teve a coordenação editorial de António Preto e Maria Burmester. O volume inclui ensaios do curador, António Preto, bem como de Bernardo Pinto de Almeida, Emília Tavares, David Campany e Maria do Carmo Serén, além do texto de Manoel de Oliveira sobre o filme Angélica, datado do final de 1990.

Na programação associada, destacam-se, no dia 28 de outubro de manhã, horas antes da inauguração pública, a visita guiada para a comunicação social, orientada por António Preto, além de uma outra, também com a orientação do curador, no dia da abertura da exposição ao público, e um ciclo de visitas asseguradas por Maria João Carvalho.

A exposição teve uma ampla divulgação nos meios de comunicação social, que destacou o projeto curatorial e salientou a relevância das obras de Manoel de Oliveira reunidas na mostra, bem como as iniciativas integradas na programação associada. Da documentação analisada, destacam-se os artigos «O objeto como abstração», assinado por Jorge Calado (Expresso, 13 nov. 2021), «Manoel de Oliveira. Retrato do cineasta enquanto fotógrafo de eleição», de Maria João Martins (Diário de Notícias, 29 out. 2021), «Oliveira photographe», de Francisco Ferreira (Cahiers du Cinéma, jan. 2022), e «“Manoel de Oliveira, Fotógrafo”, um mestre autodidata», de Ana Pina (O Jornal Económico, 6 dez. 2021). A itinerância da exposição, tanto a realizada no Porto como a de âmbito internacional, foi igualmente noticiada na imprensa escrita e audiovisual.

Depois da apresentação em Lisboa, a exposição «Manoel de Oliveira. Fotógrafo» foi organizada em França, no âmbito do programa de intercâmbio bilateral «Temporada Cruzada Portugal-França 2022», na Villa Tamaris, em La Seyne-sur-Mer, entre 4 de junho e setembro de 2022, e em Espanha, na Filmoteca da Catalunha, em Barcelona, entre 9 de novembro de 2022 e 19 de março de 2023.

Isabel Falcão, 2023


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Manoel de Oliveira, Fotógrafo. Uma Faceta até Agora Desconhecida

29 out 2021
Fundação Calouste Gulbenkian / Biblioteca de Arte – Hall
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Manoel de Oliveira. Fotógrafo

24 nov 2021 – 8 jan 2022
Fundação Calouste Gulbenkian / Biblioteca de Arte – Hall
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Artur Santos Silva e Isabel Mota
João Carvalho Dias e Emílio Rui Vilar
Guilherme d'Oliveira Martins, Artur Santos Silva e Mariano Piçarra (da esq. para a dir.)
Isabel Mota (ao centro) e Ana Pinho (à dir.)
Ana Pinho (ao centro) e Emílio Rui Vilar
Isabel Mota, Artur Santos Silva e Guilherme d'Oliveira Martins (da esq. para a dir.)
Artur Santos Silva e Mariano Piçarra
Miguel Magalhães (à esq.)
Guilherme d'Oliveira Martins (ao centro)

Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa

Conjunto de documentos referentes à exposição. Contém materiais gráficos, comunicados de imprensa e pressbook. 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 369950

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 370002

Coleção fotográfica, cor: obras (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 368626

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2021

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.