Matières et Spiritualité. Petits Formats de João Moniz

Exposição individual do pintor João Moniz (1949). A mostra apresentou pinturas abstratas que têm no branco o seu principal catalisador expressivo. Reflexões em torno dessa ideia são trazidas pelo texto que Maria João Fernandes redigiu para esta mostra.
Solo exhibition of work by painter João Moniz (1949) featuring abstract paintings that use white as their main catalyst for expression. Maria João Fernandes reflected on this idea in her writings for the exhibition.

Foi no início da década de 1970 que a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) começou a acompanhar a obra do pintor João Moniz (1949). Essa relação começa com alguns subsídios do Serviço de Belas-Artes da FCG para formação artística em Paris, destacando-se a bolsa de estudo que lhe é atribuída em 1976-77. É na sequência dessa experiência como bolseiro FCG que o artista realiza, igualmente na capital francesa, a sua primeira exposição individual num espaço da Fundação, em 1978, no então ainda denominado Centre Culturel Portugais (CCP), sede da Delegação da FCG em França.

Cerca de vinte anos passados, e após diversas aparições noutros espaços parisienses, Moniz voltava a expor na Avenue d'Iéna, desta feita com a individual «Matières et Spiritualité. Petits Formats de João Moniz». A mostra inaugurou a 21 de novembro de 1997 no então já denominado Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG). Ficou patente ao público até dia 23 de dezembro do mesmo ano.

Entre a exposição de 1978 e a de 1997, o artista foi desenvolvendo um trabalho de linhas mestras constantes. O seu abstracionismo interceta o modo como os informalismos do segundo pós-guerra foram renovados por algumas das linguagens neovanguardistas dos anos 60 e 70, que o artista pôde observar de perto. Entre as suas preocupações mais constantes, ressalta um persistente fascínio pelo branco. Já em 1978, no texto que abre o catálogo da mostra do CCP, o artista gizava o branco como um mediador entre matéria e espiritualidade (Peintures de João Moniz, 1978) – binómio que acabaria por dar título, vinte anos volvidos, a esta mostra de 1997 no CCCG. No folheto de exposição, o texto de Maria João Fernandes volta a sublinhar a centralidade do branco na obra do autor (Matières et Spiritualité. Petits Formats de João Moniz [folheto], 1997, Arquivos Gulbenkian, PRS 04882). Essa e outras reflexões já tinham sido publicadas por Fernandes no catálogo de uma outra individual do artista, realizada dez anos antes, e igualmente em Paris, na Caixa Geral de Depósitos (João Moniz, 1987). Nessa ocasião, um «ensaio-poema» de José Luís Porfírio e uma breve nota do próprio Moniz permitem antever o branco como um signo pictórico que se dirige, a um tempo, para o começo e para o fim de toda a visualidade – o antes e o depois da pintura (Ibid.).

É por isso no branco, sempre no branco, que se imaginam eventuais diálogos entre a pintura de Moniz e algumas referências cruciais da arte moderna e contemporânea. Elas podem ir desde a seminal Composição Suprematista: Branco sobre Branco (1918) de Malevich (1879-1935), aos Achrome de Manzoni (1933-1963), ou à postura minimal de Robert Ryman (1930-2019). De modo diverso, todos exploraram a capacidade do branco para transportar, na matéria que lhe dá corpo, um imenso caudal de intuições metafísicas em potência.

Os brancos de João Moniz estão bem manifestos nas 15 obras do artista que atualmente integram a Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian. A constituição desse núcleo autoral foi avançando à medida que o artista foi integrando a programação cultural da FCG. Aos eventos já referidos, junta-se uma exposição individual em Lisboa, na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG, em 1985 – ano em que também protagonizou uma das edições do ciclo «L'Artiste du Mois», novamente no CCP de Paris.

No ano seguinte à apresentação de «Matières et Spiritualité», o pintor inaugura uma mostra homónima na Galeria 111, em Lisboa.

Daniel Peres, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Fotografias em álbum da inauguração da exposição

Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 04882

Álbum com coleção fotográfica, cor: inauguração (CCCG, Paris) 1997

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001-D02890

Coleção fotográfica, cor: objeto (CCCG, Paris) 1997


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