Episódio do programa cultural «Encontro», com Eládio Clímaco, acerca da «Exposição Evocativa de Calouste Gulbenkian», inaugurada em 1976 e realizada no contexto das comemorações do vigésimo aniversário da Fundação Calouste Gulbenkian.

Inicialmente, a locução lê excertos da introdução ao catálogo, da autoria de José de Azevedo Perdigão, então presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, destacando as finalidades da exposição: «Dar a conhecer ao público os objetos mais valiosos das suas coleções de arte […], revelar determinados aspetos da personalidade multifacetada do instituidor e […] manifestar o reconhecimento devido a um grande benemérito da humanidade […].» Observam-se imagens de uma abertura de portas da exposição, pormenores das obras e imagens do referido catálogo.

Uma segunda parte é dedicada a uma entrevista, conduzida por Eládio Clímaco, a Maria Teresa Gomes Ferreira, diretora do Museu Calouste Gulbenkian, e ao arquiteto José Sommer Ribeiro, diretor do Serviço de Exposições e Museografia. Maria Teresa Gomes Ferreira explica os critérios usados na seleção das obras da exposição. Questionada sobre a personalidade de Gulbenkian, Maria Teresa Gomes Ferreira, partindo da sua «visão da Coleção» e da leitura de documentos de arquivo, afirma a riqueza da Coleção e a «sensibilidade» e «valores do espírito» que caracterizavam Calouste Gulbenkian e o levaram a adquirir as espécies observáveis na exposição. Realça ainda que a constituição da Coleção decorreu menos da fortuna de Gulbenkian do que do «desejo imenso de [Calouste Gulbenkian] reunir tudo o que era belo e tudo o que representava um valor do espírito».

Sommer Ribeiro, por seu turno, explica o que se pretendeu com a montagem da exposição e salienta a importância das fotomontagens para o enquadramento das peças da Coleção no seu ambiente «doméstico», a casa da Avenue d’Iéna, em Paris, onde o colecionador viveu. A este propósito, Maria Teresa Gomes Ferreira assinala que as fotomontagens também permitem ver o esmero que o fundador punha na instalação e conservação das peças da Coleção na sua casa de Paris, aludindo nomeadamente à instalação de uma câmara fria para os têxteis ou às lâmpadas de luz zenital natural para as obras expostas. A diretora dá igualmente particular enfoque à secção de numismática e aos aspetos delicados que envolvem a sua conservação.

Em 1948 Calouste Gulbenkian dizia: «Sou irresistivelmente atraído por toda a expressão de arte e de beleza e esta atração inspirou-me sempre ao constituir a minha coleção.»