Esta Memória, executada com colagem a assinalar a forma triangular caraterística da série, terá sido uma das primeiras executadas. A pintura pertenceu à Galeria 111, onde, sem esta peça ser exposta, a série foi pela primeira vez apresentada em 1983. Hoje pertence à coleção de Inês de Brito, filha de Maria Arlete Alves da Silva e Manuel de Brito.

A série é caracterizada pela presença central de um triângulo isósceles, em geral com a altura maior que a base, e tem relação direta com a ilha Terceira, ao aludir a um lugar muito concreto de Angra do Heroísmo: o «Obelisco da Memória a D. Pedro IV», peculiar monumento encomendado por este rei no século XVIII e com impacto cenográfico sobre a cidade da Terceira. Situado perto da casa dos pais de António Dacosta, o monumento teve presença insistente quando este habitou a ilha enquanto criança e adolescente, tornando-se um determinante referente mnemónico da sua obra final.  

Ao lado da série Ilhas, esta série foi marcante na inspiração das memórias de vivências açorianas e na afirmação do regresso criativo de António Dacosta. Sobre a importância da série na retoma regular da produção artística disse Rui Mário Gonçalves: «Quando recomeçou a pintar […] Dacosta realizou pinturas de figuração indefinida, até que uma figura se tornou insistente, em forma de pirâmide. Era uma recordação involuntária da infância. Concentrou-se nessa figura, preenchendo com ela toda a tela» (Gonçalves, 2004).