Nos seus últimos anos de produção, António Dacosta faria Melancolia II e Melancolia III [ADO297], duas obras em caixas-assemblage, que recolhiam lacónicos objetos ou inscrições regulares – como, no caso particular desta obra, a barra-coluna vertical nesta obra, parecendo esboçar, como se fosse o seu preâmbulo, a série mais determinante da sua última fase: a série Tau.

Estas duas obras em caixas-assemblage, apesar de se encontrarem numa diferente situação estética, podem reportar-se à icónica pintura Melancolia [ADP29] de 1942, considerada uma das mais marcantes obras do ciclo surrealista do pintor. De facto, o despojamento e regularidade dos objetos e inscrições não deixavam de lembrar a estrutura da primeira Melancolia (1942) [ADP29], como se esta ecoasse como reminiscência do imaginário pessoal, atuantes na fase final de produção (Dias, 2016, p. 117).