Sendo uma das mais importantes pinturas desta fase, foi apresentada em 1983, na Galeria 111, e adquirida por Luís Sáragga Leal pouco tempo depois. Dois Limões em Férias surge-nos com um título sem lógica determinável, que abre apenas um grau de incredibilidade como espectativa. Por um lado, somos surpreendidos por dois limões amarelos em grande escala no primeiro plano. Sobre estes, terá Dacosta dito em entrevista: «Estou nos quadros mas a coisa aparece e alimenta […] o quadro acaba por ir tomando forma. […]. Não sei como aqueles limões foram ali parar. Não estavam inicialmente previstos. […]. Os quadros são sempre a resposta iludida, furtam-se à intenção…» (Avillez, «Artes Plásticas/Entrevista. António Dacosta: o regresso à pintura 25 anos depois», 1983). Por outro lado, contrastando com o amarelo vibrante, encontramos um calmo lago azul e, quase ao centro do quadro, um remador num pequeno barco. Esta figura terá sido inspirada nas estadias de férias de Dacosta e da família no Estado de Nova Iorque, onde o pintor se fascinou pelo lago Cayuga, que se situava defronte da casa dos pais de Miriam, existindo algumas fotografias do pintor com a sua família no lago.