A obra pertenceu ao fotógrafo e pintor surrealista Fernando Lemos, tendo sido exposta em 1952 na Galeria de Março (identificado com o n.º 1), com o título Cena com um Pêndulo. Com a emigração de Fernando Lemos para o Brasil a obra ficaria durante décadas neste país apenas regressando a Portugal no âmbito das comemorações dos 100 anos do nascimento do artista, estando presente na respetiva exposição, altura em que foi adquirida pela Fundação Calouste Gulbenkian (2015). Seria apenas conhecida por uma reprodução, a preto e branco, em artigo de José-Augusto França de proposta para a representação portuguesa na Bienal de São Paulo («Ideia para a representação na III Bienal de S. Paulo», 1955) e, mais tarde, no livro de Rui Mário Gonçalves de 1984 (identificado com o n.º 17).

Certamente realizada após o ciclo surrealista exposto em 1940 na Casa Repe, a pintura mantém essa matriz, mas envolve o absurdo das presenças com uma melancolia das poses e dos gestos que revela a inclinação de sabor metafísico desenvolvidos pelo pintor entre os anos de 1941 e 1942.