Esta foi uma das obras relevantes apresentadas em 1983 na Galeria 111, fundada por Manuel de Brito, amigo próximo de Dacosta, que incorporou esta obra na sua coleção. A Mulher e o Folião apresenta uma estrutura de fundo tricolor, em bandeira, de valorização da extensão vibrante da cor que anima esta fase. 

Nesta pintura, observamos elementos florais que criam apontamentos de cor vermelha, segundo modos bastante explorados por Dacosta, como o amarelo dos limões à maneira de Matisse. Estes elementos florais remetem para paisagens açorianas, particularmente da ilha do Faial, onde, na primavera, o verde que domina a paisagem se vê animado com o colorido de flores. Mas a ligação mais direta desta obra à ilha de Dacosta faz-se através dos Foliões das festas tradicionais açorianas. Os Foliões, ou Bobos, são figuras marcantes dos rituais do Espírito Santo, animando as Festas com o seu aspeto burlesco e as suas canções (Alvoradas), com que acompanhavam as procissões. Sabe-se que Dacosta era um apreciador da festividade e, mesmo em França, apreciava ir a festas populares com os filhos.