«[…] o pintor resolve a concepção espacial através de três registos cromáticos. Ao centro, sobre uma plataforma donde jorra água para a terra infértil, um cão, de corpo geometrizado (em esferóides), aparece serenamente deitado de olhos abertos e, ao seu lado esquerdo, sobre um objecto, um peixe, de boca aberta e denteada, emprestado do imaginário do pintor flamengo Hieronymus Bosch (c. 1450-1516), considerado uma das fontes longínquas do surrealismo […]. Ao fundo, o episódio consiste no desfecho de um duelo de florete: um dos homens, em posição de esgrima, inflige o golpe final no adversário. A linguagem das cores é deveras interessante, o atacante veste de vermelho, e, do seu lado, as nuvens abrem-se ao azul forte do céu, enquanto do outro lado, sobre o esgrimista de camisa branca, permanece-se num claro enublado.»

(SARAIVA, 2010, pp. 24; 26)