«Encanto-me com o privilégio de simplesmente estar, acompanhado por Dois Limões em Férias, e de certo modo reconheço-me indemnizado de toda uma teoria de visitas em vão.

Trata-se de um óleo sobre tela, de 1983, com um fundo azul, e um barqueiro que poderia bem ser o herói de A Ilha de Arturo, de Elsa Morante. Os dois limões timbram o tempo da vilegiatura, alimentos terrestres que compreendem a vocação de absoluto, e que, refrescando a vista no seu amarelo gritante, suscitam gostos de infância, sonos de inocência, e solicitações à viagem meridional. Sucede porém que o desejo que em mim despertam, o de subir ao terraço do restaurante, e de por lá me quedar, justamente desalterado por uma limonada, depara com um obstáculo à sua realização. O sol excessivo torna impossível a permanência naquele logradouro aberto […]»

(CLAÚDIO, 2006, p. 25)