Em Caça ao Anjo, a figura do anjo

«Em Caça ao Anjo, a figura do anjo parece exibir a sua frontalidade, o seu aplanamento de figura, na irrealidade visível da sua aparição, como um ícone re­ligioso medieval […]

Esta frontalidade na figura do Anjo lembra a figuração religiosa medie­val. Com a sua tendência para o plano, que é paradoxalmente um afastamento do efeito ilusório e da aparição mágica da figura, esta é uma questão crucial nesta fase de Dacosta. (…)

Contudo, este Anjo de Dacosta não tem tal severidade do ícone medieval. […] O próprio anjo parece mais surpreendido com a sua aparição, que imperativo com a sua mensagem. […] A “caça ao anjo” é essa corrupção da sua impassibilidade e serenida­de espiritual, é a sua cativação num encenado deleite mitográfico. Como um Anjo da Anunciação perdido, sem mensagem ou destinatário, mais parece a aparição circunscrita de um desígnio à deriva. […] Com o seu cabelo ruivo (como o de Dacosta), transformadas em cha­mas, o anjo espalma-se como figura, com os braços abertos […] sobre as asas. À esquerda, surgem formas fortuitas, lançadas so­bre a figura do anjo, sendo reconhe­cível um cão recortado em baixo pela moldura do quadro, em manifesta citação do cão de Goya.»

(DIAS, 2016, pp. 264-265)


Bibliografia


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