«Além da diferente caracterização de cada espaço, sendo o da esquerda mais irreal e o da direita mais natural, os horizontes ao fundo não coincidem, como se fossem dois topos diferentes ou dois observadores diferentes. No lado esquerdo, um gato em primeiro plano faz abrupto contraste de profundidade com uma figura feminina ao fundo. Tanto estas distâncias espaciais entre figu­ras, como a espacialidade aparentemente lógica […], têm clara filiação chiriquiana. […]

O pintor utiliza diferentes sedimentos de referências artísti­cas, num processo sincrético: temos uma cena surrealista num espaço chiriquia­no invadido por um modo magrittiano e pintada com gestos expressionistas.»

(DIAS, 2016, pp. 116-117)