Projetos apoiados – 3.ª edição
Conheça os projetos de arte participativa apoiados em 2025.
São 15 os projetos selecionados para a fase piloto da 3.ª edição da iniciativa Partis & Art for Change, com a duração de um ano. Ao longo de 2025, estes projetos terão o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação “la Caixa” para desenvolverem processos partilhados de aprendizagem, reflexão e co-criação de propostas artísticas, envolvendo artistas profissionais e não profissionais. No final da fase piloto, serão selecionados dez projetos para seguirem para a fase de implementação nos dois anos seguintes (2026-2027).
URDIDURA
O potencial criativo e transformador da dramaturgia no encontro entre operários imigrantes e reformados.
Promotor Beira Serra – Associação Promotora do Desenvolvimento Rural Integrado
Área Artística Multidisciplinar
Responsável área artística Sílvia Pinto Ferreira
Responsável área social Marisa Marques
Território Covilhã
A proposta artística deste projeto tem como motivação o potencial criativo e transformador do encontro entre operários/as imigrantes e reformados/as orientado por uma equipa multidisciplinar do cinema, dramaturgia, performance, teatro e ciências sociais. Os objetivos artísticos e sociais entrelaçam-se: criar empatia e relação através da cocriação de curtas-metragens a partir de histórias de vida. A dramaturgia tem um papel central, enquanto prática e modo de estruturação do processo, associada à realização cinematográfica.
A Oficina Corpo Coletivo, ação artística nuclear, baseia-se em exercícios estimulantes da partilha biográfica e da cocriação de ficções que fornecem ferramentas criativas e competências comunicativas e sociais. As ações satélite estabelecem a ligação entre este processo criativo e a comunidade.
MELT – MÓDULOS EXPERIMENTAIS PARA TRANSMALHAR
Sete projetos artísticos comunitários, dispersos por diversos territórios da ilha de São Miguel.
Promotor Anda & Fala – Associação Cultural
Área Artística Multidisciplinar
Responsável área artística Rita Serra e Silva
Responsável área social Clara Luleich
Território Ponta Delgada, Ribeira Grande, Nordeste, Lagoa, Povoação, Vila Franca do Campo
MELT é ação, é o ato de ‘derreter’ preconceitos através da arte, é a alteração do próprio ‘estado’ individual e coletivo para a transformação social que se deseja. Propõe a cocriação e apresentação de sete projetos artísticos, em lugares diferentes da ilha de São Miguel, Açores, que nascem das diversas relações entre as pessoas participantes e o seu próprio território, reivindicando a arte como manifesto, ato cívico, educação, meio para cultivar o sentido comunitário e pesquisa.
O MELT7 culmina com a apresentação da proposta artística na escola profissional EPROSEC, reforçando a importância de usar a escola como espaço de experimentação, criação, errância e apresentação. Posteriormente, segue-se a mediação Transmalhar, que explora espaços alternativos à escola para argumentar a sua capacidade educativa.
O TEMPO CURA?
Promover sentimento de pertença através de um processo criativo, que envolve música, dança ou teatro, e da criação de um espetáculo comunitário.
Promotor Fundação Cerro – Cultura e Ensino
Área Artística Multidisciplinar
Responsável área artística Maria de Vasconcelos
Responsável área social Joana Silva
Território Odemira
Criação de um espetáculo comunitário baseado na história da Herdade do Cerro, em São Luís, envolvendo diferentes participantes num processo criativo que pretende refletir as suas histórias e interpretações, promovendo um sentimento de pertença.
Não existe a intenção de se fazer uma reconstituição histórica ou um espetáculo realista. Será uma experiência imersiva que permita ao público e aos participantes conhecerem a Herdade. Um espetáculo itinerante com diferentes paragens, onde vão ocorrer momentos performáticos simbólicos e poéticos, que traduzam o resultado da pesquisa, provocando o questionamento e o pensamento crítico. A performance será nutrida por uma abordagem artística multi e transdisciplinar: Música (tradicional alentejana e possível fusão étnica), Teatro, Dança e Movimento.
HISTÓRIAS SEM FRONTEIRAS
Alunos migrantes exploram os seus talentos através do cinema de animação e suas narrativas.
Promotor Hirundo, Associação para o Pensamento Crítico, Cultura e Desenvolvimento
Área Artística Vídeo
Responsável área artística Bruno Caetano
Responsável área social Fausta Cardoso Pereira
Território Maia, Gondomar
Este projeto documenta as histórias, a diversidade cultural e as aspirações dos alunos migrantes. Os alunos apreenderão a animar areia, objetos ou sombras. Esta diversidade enriquece o processo criativo e amplia a compreensão do cinema, mostrando que a animação vai muito além do que estão habituados a ver na televisão e no cinema convencional.
O projeto valoriza o talento dos alunos, quer musical, na criação de bandas sonoras, quer em habilidades manuais, essenciais para a construção dos cenários. Um aspeto central do projeto é a capacidade de conferir intemporalidade às narrativas. Por se tratar de animação, a história não fica presa à imagem do aluno; ele representa muitos outros na sua situação. A narrativa continua a ser significativa, mesmo após o aluno deixar a escola ou exigir anonimato.
FUTUROS PARTILHADOS – Narrativas colaborativas para reimaginar uma convivência multiespécies
Revitalização da herança cultural de Miranda do Douro através do intercâmbio intergeracional e de uma abordagem artística multidisciplinar.
Promotor PALOMBAR – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural
Área Artística Multidisciplinar
Responsável área artística Nuno Preto
Responsável área social Sara Freire
Território Miranda do Douro
A proposta artística deste projeto assenta na revitalização da rica herança cultural de Miranda do Douro e da freguesia de Ferral, unindo diferentes gerações num diálogo contínuo sobre identidade e tradição. Com foco no intercâmbio intergeracional, o teatro é utilizado como ferramenta central para integrar e compartilhar histórias, lendas e costumes locais, garantindo que a sabedoria ancestral é transmitida às novas gerações. Através de uma abordagem artística multidisciplinar, várias ações derivam do trabalho com a comunidade, tais como tertúlias, exposições fotográficas, workshops técnicos, além do espetáculo teatral.
ALTA(MENTE)
Moradores e artistas locais dão voz aos bairros “sem nome” da Alta de Lisboa.
Promotor Associação de Moradores do PER11
Área Artística Multidisciplinar
Responsável área artística Margarida Mata
Responsável área social António Brito Guterres
Território Alta de Lisboa (PER 11, PER 7 e PER 9)
Num território em que os bairros não têm nome, permanecendo apenas como “PER” – que significa Projeto Especial de Realojamento -, vamos procurar as histórias do território. Alta(mente) é uma obra artística multidisciplinar que parte da história da Alta de Lisboa, indissociável dos processos de realojamento, nomeadamente nos territórios envolvidos neste projeto – PER 11, PER 7 e PER9.
A argamassa principal de construção do projeto são moradores, que organizam e que participam, mas também os artistas locais, que são convocados a mediar workshops com jovens moradores que darão origem ao espetáculo final, numa espécie de colagem de quadros que, através da arte, dá voz aos moradores dos bairros sem nome.
COMvivência(s)
O teatro como ferramenta criativa para promover a prática do cuidado, entre moradores de bairros de Guimarães e estudantes de Medicina.
Promotor Paisagem Periférica – Associação
Área Artística Teatro
Responsável área artística Manuela Ferreira
Responsável área social Carla Alves da Silva
Território Guimarães e Braga
Moradores de dois bairros sociais de Guimarães e estudantes da Escola de Medicina da Universidade do Minho exercitam, em conjunto, através do teatro, a prática do cuidado. COMvivência(s) propõe-se desenhar protocolos de encontro que, através de experiências estéticas/poéticas partilhadas, ativam formas de coexistir (tomar parte, estar junto, ligar-se na diversidade) capazes de potenciar a prática de cuidar de si, do outro e do bem comum.
A prática teatral enquanto prática do cuidado, onde indagar a “relação com o outro” é uma dramaturgia e uma ética que se constrói numa troca partilhada de abertura e vulnerabilidade. “Desta forma, o cuidado implica uma mudança dos sujeitos envolvidos (...) somos mudados e mudamos por nossa vez, pelas pessoas e as coisas às quais damos, e das quais recebemos atenção”. Enrico Campo.
RESSONÂNCIAS: fluxos sonoros e culturais a partir da água para a integração de estudantes migrantes
A água e o som são os elementos basilares da proposta artística deste projeto, para promover a relação estudantes migrantes-território-comunidade.
Promotor Rio Neiva – Associação de Defesa do Ambiente
Área Artística Música
Responsável área artística João Terras
Responsável área social Cristina Nava
Território Esposende
Reconhecendo o “som” enquanto linguagem nuclear, veículo de experimentação, improvisação e de comunicação interlinguístico, e selecionando a água enquanto elemento de ligação ao território, o projeto assenta a sua proposta artística nas múltiplas experimentações que partem do cruzamento entre estes dois elementos: som e água.
As experimentações estarão assentes em práticas de captação, edição, masterização e exploração de dinâmicas compositivas e improvisadas. Serão adensadas com uma componente sensorial, como o vídeo, o registo gráfico, ou as materialidades ecológicas. Desta forma, a relação estudantes migrantes-território-comunidade é estabelecida a partir de um ecossistema sónico que amplifica os ecossistemas aquáticos e as suas manifestações sociais, culturais e ecológicas.
CORDÃO – Coro de Doentes e Amigos Oncológicos
Coro comunitário para doentes oncológicos e seus familiares e amigos.
Promotor Teatro Circo de Braga, EM, SA
Área Artística Música
Responsável área artística Joana Machado Araújo
Responsável área social Catarina Portela
Território Braga
O CORDÃO é um coro comunitário, composto por doentes oncológicos, em tratamento ou remissão, e amigos. Amigos, aqui, são todos os que estão por perto: o companheiro, a irmã, o filho, a mãe, a amiga. Os que ajudam a carregar o peso da palavra “oncológico” e tudo o que ela traz consigo. Parece estranho, mas o cancro é mesmo assim: vira o mundo do avesso e tudo parece deixar de fazer sentido. Figurativamente, um cordão é algo que une, que enlaça. Com o objetivo principal de combater o isolamento social dos doentes oncológicos e seus cuidadores, este CORDÃO quer ligar pessoas, costurando, em conjunto, novas formas de viver e olhar o cancro.
DANÇA PARA A INCLUSÃO: movimento em foco
A dança como principal forma de expressão artística e de participação de pessoas com corpos diversos.
Promotor DCTR – Associação Cultural
Área Artística Dança
Responsável área artística Rosana Suárez da Costa
Responsável área social André Cruz Marques
Território Aveiro
Este projeto propõe uma co-criação colaborativa que une dança, fotografia e a comunidade, desafiando as normas funcionais através da participação ativa de corpos diversos. Explora-se a circulação e a vivência urbana, questionando as relações entre os atuantes e o espaço público. Como são percebidos, como experienciam a cidade e como desejam participar da sua vida?
Através de narrativas na primeira pessoa, pessoas com diversidade funcional expressam as suas visões e reivindicam um redesenho inclusivo da cidade, onde o foco é o movimento. A dança, a fotografia e a interação criativa entre pessoas com e sem deficiência, desenvolvem-se como ferramentas de expressão, empoderamento, confiança, justiça e presença ativa no território, louvando a indivisível relação entre arte e vida.
DA TERRA À BOCA, DA BOCA AO CORAÇÃO
Projeto de transformação e criação artística através do diálogo entre áreas como a arte, a natureza, a agricultura ou a gastronomia.
Promotor4ISCT – Associação para a Inovação Social
Área Artística Multidisciplinar
Responsável área artística Constanza Givone
Responsável área social Marília Martins
Território Aveiro e Ílhavo
Este projeto concretiza um diálogo entre diferentes áreas: a arte, a natureza, a ciência, a agricultura, a gastronomia e a saúde. Oscilando entre processos de observação e análise rigorosos e interpretações subjetivas e sensoriais, traça um itinerário crescente, de literacia, de experimentação, de capacitação e de co-criação artística. Uma intervenção que recorre à arte como forma de levar as pessoas a desenvolverem as suas competências enquanto pessoas mais criativas e livres, num traçado holístico para um processo de transformação, da TERRA À BOCA E DA BOCA AO CORAÇÃO. Inicia na TERRA, a casa que “cultivamos” enquanto indivíduos e comunidades. Segue para a BOCA, que é diálogo e alimentação. E daqui para o CORAÇÃO, que é sentir, é saúde, é intervenção e inclusão.
RESSOA
Projeto artístico que culminará num concerto itinerante, com partida em Santa Apolónia (Lisboa) e chegada ao Fundão, que envolve artistas migrantes e habitantes dos locais de paragem.
Promotor SOMA COLLECTIVE – Associação Cultural
Área Artística Música
Responsável área artística Aixa Figini
Responsável área social Filipa Batista
Território Fundão, Castelo Branco, Abrantes, Entroncamento, Lisboa
A proposta artística culminará num concerto itinerante com partida de comboio em Santa Apolónia (Lisboa) e chegada ao Fundão, três dias depois, com um total de seis apresentações em estações ferroviárias e espaços culturais pelo caminho, e um elenco composto por artistas migrantes e habitantes de cada localidade. O fim da viagem culminará com um concerto no Octógono, espaço cultural no Fundão. Os conteúdos desse espetáculo serão o resultado das vivências ao longo do ano, das narrativas e músicas compostas em co-criação entre todos os participantes do projeto. Cada participante do grupo nuclear irá também criar o seu laboratório artístico de transmissão e transformação de conhecimentos musicais e orais, legado que poderá posteriormente utilizar na sua vida profissional.
TRÉGUA
As artes plásticas são ponto de aproximação entre reclusos e estudantes universitários que, juntos, exploram conceitos associados a “limites” e “liberdade” e trabalham na posterior reintegração social e laboral dos primeiros.
Promotor Associação Cultural Casa Invisível
Área Artística Artes Plásticas
Responsável área artística Cristiana de Sousa
Responsável área social Catarina Claro
Território Ilha da Madeira
Por meio de um conjunto de ações de capacitação pessoal, social, técnica e artística no domínio das artes plásticas em geral e da arte pública em particular – a realizar simultaneamente com o grupo de reclusos dentro da prisão e com o grupo de estudantes na Universidade da Madeira – será criada uma aproximação e interação específica na exploração de conceitos associados às ideias de “limites” e “liberdade”, com vista à criação conjunta de uma peça de intervenção pública com impacto artístico e social. Este resultado criativo será plasmado no espaço público e aberto à participação da demais sociedade civil no âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12).
Posteriormente, será criada uma linha de produtos comercializáveis, produzidos dentro do Estabelecimento Prisional do Funchal e vendidos à comunidade externa, numa estratégia que se enquadra numa linha de Wearable Art, nomeadamente através da estampagem de t-shirts e sacos de pano (serigrafia), fomentando-se assim a (re)integração social e laboral, através da arte. Todo o processo será documentado de modo a permitir a construção de um catálogo de formato alternativo, tipo fanzine, que será distribuído à comunidade local.
PROJETO 1952 | Arquivo em Movimento: entre o Bairro e o Museu
Reflexão sobre o arquivo visual do colonialismo português existente no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, através da dança e do movimento.
Promotor GTO LX – Grupo De Teatro do Oprimido de Lisboa
Área Artística Dança
Responsável área artística Ângela Guerreiro da Silva
Responsável área social Joana Simões Piedade
Território Moita (Vale da Amoreira)
A proposta artística deste "Arquivo em Movimento" tem como ponto de partida a reflexão sobre o arquivo visual do colonialismo português existente no Museu Nacional de História Natural e da Ciência classificado como património “sensível”, com o objetivo de co-criação com os participantes de uma performance multidisciplinar, com ênfase na dança e no movimento. O processo criativo da performance engloba educação somática, improvisação, composição coreográfica, imagem (trabalho direto com as fotografias). O movimento é inspirado nas histórias ‘não contadas’ destes corpos enclausurados no arquivo, assim como a sua interpretação emocional e crítica. Como olhar para este acervo histórico, revisitá-lo no presente e reconstruí-lo no futuro, num processo de reparação e cura para que o passado possa encontrar o seu lugar de repouso?
NOVAS NARRATIVAS
Co-criação artística, especialmente na área do teatro, baseada nas experiências e histórias dos imigrantes.
Promotor CHAMADARTE – Associação Socio-Cultural
Área Artística Teatro
Responsável área artística Clemente Severino Tsamba
Responsável área social Adriana Cicciaglione
Território Beja
Pretende-se estimular a co-criação artística com narrativas que reflitam a riqueza e a complexidade das experiências dos imigrantes. Serão realizadas oficinas de participação livre, dinamizadas por artistas e monitores experientes, em diferentes áreas artísticas, com destaque para o teatro, mas que também passam pela música e artes plásticas, introduzindo uma preocupação ambiental através da reciclagem e reutilização de materiais descartados. As histórias e experiências coletadas durante as oficinas serão transformadas em obras de arte colaborativas, como performances teatrais ou exposições de arte. Serão apresentadas em mostras abertas ao público, permitindo que a comunidade aprecie e interaja com as narrativas criadas.