O crítico e historiador de arte José-Augusto França cedo destacou António Dacosta e António Pedro como os pioneiros da pintura surrealista portuguesa. Com apenas 18 anos viu a exposição de 1940 de Dacosta com António Pedro e Pamela Boden na Casa Repe, mas só conheceria pessoalmente Dacosta já em Paris, em finais dos anos 40, apresentado por Casais Monteiro – passando então a conviver com o pintor nas suas idas a Paris, sobretudo enquanto Dacosta viveu na capital francesa (1947-1971). Foi no âmbito desta convivência que o retrato foi pintado num quarto de hotel, sendo uma das poucas pinturas de Dacosta nos cerca de 30 anos ditos de interrupção – e das últimas a óleo que efetuava. No cromatismo e na matéria, o retrato recebia algumas marcações do informalismo europeu do segundo pós-Guerra. José-Augusto França tem considerado este como o melhor retrato que dele se fez e mantém-no ainda na sua coleção pessoal.