«Uma forma oval faz de moldura a uma cena interior, aludindo a modos da arte simbolista de finais de novecentos, sobretudo de Odilon Redon. Rodeada por quatro flores nos vértices, livres da sua inscrição no retângulo do quadro, esta moldura cria uma separação entre o plano do quadro e outro que se segrega para dentro da oval, como uma irrealidade […]. Tal atmosfe­ra permitia exercitar uma apetência mitográfica, de figuras irreais no seu recorte simplificado, situadas entre a referência ao real e um efeito de separação à ma­neira de um ícone medieval. […] No interior da oval, uma mulher de tons rosa e um touro mais escureci­do parece aludir à mitologia do Minotauro […].»

(DIAS, 2016, p. 236)